Enquanto nos "fazem a cabeça" com a antidemocrática versão de
Costa e Rio vão disputar votos "taco a taco". PS e PSD com empate técnico
Enquanto nos assustam a propósito e a pretexto dos
perigo de guerra com a NATO a leste e a aproximar-se mais e mais da Rússia,
quem é que lê - quem é que tem acesso a informação como esta?!:
Não foi o tornado, foi o capital
António Santos
Costuma-se dizer que não são os desastres naturais que matam, mas sim a pobreza. Mais acertado seria dizer que o que mata é o capitalismo. Os violentos tornados que têm sacudido o Midwest estado-unidense arrancaram os telhados e expuseram a podridão: na fábrica de velas da Mayfeld Consumer Products, no Kentucky, morreram oito pessoas e outras dez estão desaparecidas.
Apesar de todos os alertas, os patrões
proibiram os trabalhadores de se refugiarem nas casas de banho e mantiveram
a linha de montagem a funcionar até ao último momento. «Perguntámos se podíamos sair dali ou ir para casa. Disseram-nos
que não. Que se saíssemos éramos despedidos», explicou o operário
Elijah Johnson à NBC, em directo de uma cama de hospital. Nesta fábrica, o
salário é o mínimo permitido à escala federal, excepto para os presidiários:
esses trabalham por poucos cêntimos à hora. Quando a fábrica ruiu, estavam
110 trabalhadores no interior.
Não se trata de um caso isolado. Histórias
semelhantes emergem agora um pouco pelos quatro Estados por onde os tornados
passaram: Arkansas, Tennessee, Kentucky e Illinois. Foi neste último que
morreram seis trabalhadores num armazém da Amazon. Nas instalações de
Edwardsville, os quase duzentos trabalhadores foram obrigados a ignorar
as sirenes que, trinta minutos antes da tragédia, sinalizavam a urgência
de procurar refúgio.
Em declarações à CNN, Danny Stuart, operador de empilhadora, explicou que, nessa altura, os patrões proibiram as idas à casa de banho para evitar que os trabalhadores pudessem salvar-se. Nesse preciso momento, Jeff Bezos, dono da Amazon e o homem mais rico do mundo, estava na festa do lançamento de uma nave de turismo espacial. Cá em baixo, na Terra, morria a trabalhar quem lhe criou essa fabulosa riqueza. Não cabem dúvidas que para o capital o lucro vale mais do que a vida. Só não sabemos se lá de cima conseguem ver os tornados.
(no avante! de 16.12.2021)
1 comentário:
Vêem, vêem! Mas os que vêem os tornados lá de cima, jamais os conseguirão "ver" com os olhos dos que os que os sofrem na pele, "cá em baixo".
Abraço!
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