sábado, junho 11, 2011

Dia de Portugais, de Camões e da Língua Portuguesa

Iconoclasticamente, alterei a designação do dia de ontem.
Não tenho qualquer intenção de estar a  cometer o crime de lesar a Pátria mas, como tantos portugueses, ontem vivi dois Portugais. Um Portugal que comemorou o seu dia nem sei bem em que local oficial e oficiante, e um outro Portugal que foi de encontros e convívio, de coragem para derrubar preconceitos e construídas fronteiras, de discussão, vivida e informal, do que somos e para onde vamos. No primeiro, estiveram "eles" e toda a comunicação social ao seu serviço porque de "eles" é, no segundo (a ordem é arbtrária)... estivemos nós, e de nós não se dá notícia.
Não que nos julguemos os "melhores", os que beberam a poção da inteligência ou que mergulhados foram no caldeirão da sabedoria. Nós não somos nem melhores nem piores do que "eles". Somos da mesma "massa". Mas...

No Portugal celebrado em Castelo Branco (pois... foi aí), houve dois discursos. Esclarecedores.
Um, de um senhor Barreto de que se guarda a memória de uma lei que ilustrou a contra-revolução, a lei contra a reforma agrária do 1º governo constitucional, quando tal petulante prócere foi instrumento e deu nome ao que outros impuseram em alternativa a um caminho que se abria para ser percorrido passo-a-passo numa estratégia de emprego e (satisfação de) necessidades essenciais. Este Barreto já está na História, e por bem nefastas razões que não há discurso que atenuem, nem  seria essa a sua intenção...
O outro discurso foi, como teria de ser, do Presidente da República que temos. E se acrescentei Língua Portuguesa ao título do dia de ontem foi porque não sou capaz de dissociar este PR do mau uso que faz da língua pátria. Reflectindo a língua a cultura de um povo, e de um indivíduo, pode bem afirmar-se que somos um povo culturalmente riquíssimo e que temos um PR culturalmente paupérrimo. Mas... adiante que esta é uma questão formal, embora não despicienda!
O que quero sublinhar é que Cavaco Silva, Presidente da República, parece estar a querer mostrar-se o paladino do aproveitamento dos nossos recursos, o defensor estrénuo do regresso à terra (à agricultura), depois de, recentemente, o ter sido do regresso ao mar (à pesca, ao aproveitamento do nosso posicionamento geográfico), denunciando o défice alimentar e outros, e estigmatizando os responsáveis políticos por esta situção, causadora primeira do endividamento público.
Assim sendo, está Cavaco Silva PR a abrir um duríssimo libelo contra Cavaco Silva PM, primeiro-ministro que foi durante uma década em que se usaram fundos comunitários para abater barcos, desmantelar estaleiros navais, pôr terras em pousio, abandonar o aproveitamento de recursos naturais ou adquiridos, estimular a importação do que por cá se poderia (e deveria!) produzir.

No Portugal em que estive ontem, feliz por a ele pertencer e nele ser acolhido, falámos informalmente, e em curto debate, do que oportunamente foi previsto, do que foi prevenido, contra Cavaco Silva PM, e hoje é denunciado e estigmatizado por Cavaco Silva PR. E, mais importante para a nosso futuro, falámos - e sobretudo quisemos ficar a pensar - na campanha iniciada há dois anos com o nome Pôr Portugal a Produzir, lema que hoje tantos estão a "inventar" como descoberta su(j)a.
É a força das coisas! Porque é o Portugal do trabalho a única saída para o Portugal que fomos e somos.       

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Roubaram-nos os meios de produção e agora deitam as culpas a um Portugal que não produz?!!!!
Sinto-me enganada e ultrajada em nome de Portugal e dos Trabalhadores a quem, com as suas palavrinhas aparentemente mansas ,querem, no fundo, atribuir as culpas.

Um beijo.

Antuã disse...

é a BB. Besta de Barreto e bronco de Cavaco.

GR disse...

Tenho vergonha de ter assim um PR. A maneira como fala (mal), se exprime, como pensa, simboliza um Portugal atrasado, estupidificado, expressa um país cinzento, triste. Só nos falta os lenços negros, pois miséria já a temos.
Quanto ao outro réptil, é tão asqueroso que não consigo ouvi-lo, nem proferir o seu nome, mas os mafiosos têm nome?


Bjs,
GR