quinta-feira, junho 16, 2011

Leituras e releituras – José Gomes Ferreira (A memória das palavras) – 2 (a despropósito?)

Segue o poeta militante:

«(A despropósito devo esclarecer que, ao contrário do que os fabricantes de imbecilidades nos atribuem, não creio que o socialismo anule o sofrimento humano. Por mim já me contento que diminua as horas de trabalho e deixe aos homens mais tempo livre para sofrerem melhor. Isto é: para sentirem dores de grau superior às pífias angústias actuais do homem vulgar provenientes da insegurança, da injustiça económica, da fome e da humilhação social. Nos séculos do socialismo os homens estarão pois disponíveis para dores mais nobres.)»

( p. 179, edição de 1966,
da Portugália Editora)

Atrevo-me a dizer – a propósito – dores mais … humanas.
Já agora:

«(…) Não se riam, mas vou imaginar-me herói da Revolução Inverosímil que, desde ontem, se apoderou dos tronos do globo. Herói anónimo. Secreto. Ocultei i nome, pus uma máscara vermelha, disfarcei a voz para os discursos, E não me atribuí qualquer título ou honra de chefia. Não quis ser Rei, Presidente, César, Regedor ou Comissário do Povo. Nada. Apenas o Homem-Nuvem Primeiro, representante-mor dos Humilhados.
E assim regenerei a existência, enriqueci os pobres, consolei as viúvas, sarei os ofendidos, pintei de saúde os tristes pálidos, apodreci o tempo…
Bem. Levanto-me do divã. Já sonhei. E agora?»

(p. 153)


Agora, Zé Gomes? Continuar a luta.
Contigo. Sempre!







(por Fernando Campos
ositiodosdesenhos)

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Que lindo post!!!! Parabéns.
Concordo com tudo que dizes de uma forma tão bonita. Com o Socialismo podemos sofrer melhor as nossas próprias dores(quem as não tem?) e também viver melhor as nossas alegrias que não serão ensombradas pelas desgraças, fome, doença, miséria física que arrasta a moral dos subjugados pelo imperialismo capitalista.E eles são tantos!!!!
Continuemos, pois, a luta pelo Socialismo.

Um beijo.

samuel disse...

O problema não está no maior ou menor irrealismo dos sonhos, mas sim em nos levantarmos ou não do divã...

Abraço.