quarta-feira, junho 01, 2011

o euro (e a União Económica e Monetária) em equação

Do meu saudoso professor Jaime Leotte
(tive a dúvida se era com um t ou com dois tt…)
guardei a lição de “pôr tudo em equação”.

Quando se coloca a questão da União Económica e Monetária, e da eventual saída de alguns países do euro, logo entendo dever pôr-se a questão em equação.
Com uma série de premissas:

1. – a moeda única foi pensada (na relação de forças existente, a vários níveis) na sequência do mercado interno, no quadro de uma União Económica e Monetária, e a anteceder uma União Política;
2. – a moeda única foi mal criada… tecnicamente;
2.1. – não existia, nem se vislumbrava poder formar-se, com os países-candidatos, uma zona monetária óptima;
2.2. – as taxas de câmbios para a extinção das moedas nacionais dos países a integrar, e a taxa de cambio da nova moeda com as outras, particularmente com o dólar, obedeceram a critérios estritamente políticos e de (pre)dominância;
3. – a moeda única não foi instituída respeitando procedimentos minimamente democráticos;
3.1. – não foi negociada entre países estados-membros dotados de soberania;
3.2. – não houve informação e esclarecimento minimamente suficientes e foi sujeita a escrutínio popular, para além do, nalguns casos, arremedo de ratificação por via representativa;
4. – durante os seus anos de vigência, confirmaram-se as piores expectativas sociais, e nada do que foi promrtido se cumpriu (estabilidade de preços e de câmbios – salvo na zona, obviamente –, ganhos de competitividade, crescimento económico)
5. – eclosão de graves crises de solvabilidade nos países “periféricos” (da “coesão”) em grande parte provocadas por factores e pressões … dos mercados, que a própria UEM poderia controlar, ou moderar;
6. – delineada intervenção euro + (com “troika” FMI, BCE, CE), que se teria antecipado, dir-se-ia precipitadamente;
7. – insinuam-se alternativas de “saída do euro” de moedas naciionais, a começar pela moeda grega.

Vou ter, evidentemente, de continuar. Mas, antes, quero ainda deixar uma questão quase-prévia:
seria absolutamente estulto pensar que qualquer saída da dita moeda única corresponderia a voltar-se a uma situação ex-ante, isto é – para se ser claro e duro no exemplo –, que a Grécia retomaria o seu dracma de 2000, e que Portugal retomaria o seu escudo de 1998, antes das passagens definitivas (?) à moeda única. E que tudo voltaria ao que era dantes.
Nestas mudanças (que serão inevitáveis no encontro colisão do funcionamento do sistema capitalista e da relação de forças sociais), tudo implicará profundas transformações quantitativas e qualitativas para que se tem de exigir informação, claros esclarecimentos e… negociação, contra arranjos em gabinetes.

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Acho mesmo imperativo informações, esclarecimemtos, discussões honestas sobre o futuro da nossa moeda. Não imposição,ao sabor das políticas que comondam este nosso mundo.

Um beijo.

Pata Negra disse...

Vai custar tanto dar a razão a quem nunca se quis dar que ainda vão acabar por culpar os comunistas e o frio da Sibéria!
Um abraço x

GR disse...

Se me fez confusão a chegada do € (tivemos o privilégio dos Debates do Sérgio Ribeiro que nos tirou todas as dúvidas) a chegada do escudo (neste momento) faz-me mais.

Ainda tenho na minha terriola o livro "Não há moeda única" de Sérgio Ribeiro, de leitura obrigatória!

Bjs,

GR