Olho alguns apontamentos (aponta mentes) e procuro, traduzindo a caligrafia, torná-los claros, legíveis:
1. No ping-pong (há jogo mais alternante?) em que o poder quis tornar esta campanha eleitoral, e em grande parte conseguiu, até eu próprio me vi a resvalar momentaneamente para cair na esparrela de não des-simpatizar com Passos Coelho.
2. A fulanização da política anula a avaliação das políticas, das responsabilidades e perspectivas políticas; torna tudo espuma, epidérmico, epidémico (bem mais grave que a dos pepinos…)
3. Relative-se a questão da empatia, simpatia ou antipatia. Sócrates tornou-se insuportável até ser “recuperado”, quando se apresentou vencido e humilde, numa postura tão encenada como todas as outras – ou uma só com variantes.
4. Se Sócrates se fez, e feito foi, insuportável – com excepção para os náufragos desta viagem do PS, de que outros tripulantes e passageiros de luxo e 1ª classe beneficiaram… embora fossem, a partir de certa altura, resguardando-se, vestindo coletes de salvação, rodeando-se de boi…as –, Passos Coelho encenou outra imagem, para o que teria experiência, exemplos e mestres.
5. Passos Coelho é a mediocridade, de que tão bem escreve Zé Gomes Ferreira, a mediocridade com mais de um metro e oitenta e bem parecida, que veio fazer muito jeito. Ao poder. Depois de falhada a intempestiva visita de uma velha e austera senhora chamada Ferreira Leite, modelo Cavaco de saias.
7. Haverá quem diga; já?!, já se estão a atirar ao homem?, deixem-no dar provas. Mas… que provas? A governança – ou governação – não é uma ida ao alfaiate para se fazerem umas emendas num fato “a feitio” porque uma manga tem mau cair…
8. Ser executivo, governar, é executar um programa político, quaisquer os documentos que o traduzam e, no caso presente, esse programa é o compromisso imposto pela troika lá de fora, a austeridade “de classe”, que transferie as dívidas criadas – em grande parte artificialmente, como pelo acréscimo forçado e injustificado das taxas de juro – para os extractos da população que vivem do seu trabalho e do que trabalharam, no quadro do capitalismo, enquanto o capital financeiro e alguns privilegiados servidores engordam desmesuradamente.
9. Quem passou do protesto desideológico (à esquerda…) para a esperança demagógica (à direita…), quem reforçou a desistência da abstenção e a hesitação do voto em branco ou nulo, quando sentir que a indiferença, a resignação, o fatalismo perante a austeridade têm consequências objectivas, sofridas nos quotidianos, virá a ter outras reacções.
10. A ver vamos… desde que não fechemos os olhos.
9 comentários:
Almoçar a le-lo, Sérgio,a sua lucidez vai-me fazer apetecer linkar...
Abraço.
Ana
Pois! Lendo-te ficamos com balanço para saltar. Saltemos pois.
Ainda não será desta... julgo eu.
Após o discurso de Sócrates, vejo um António José Seguro com ar hipnotizado, como a querer dizer "chegou o momento de ser o secretário-geral do PS". Mais um momento encenado, com a descida do elevador, para dizer aos jornalistas que "o PS pode contar" com ele. Muito bem encenado, sim senhor, mas quantas vezes já vimos esta cena na má representação política dada pelo PS-PSD-PP?
Um abraço
(Jorge)
Sexo Seguro; pois é, depois do acto, por uma questão de higiene muda-se sempre de preservativo.
A troika aposta na substituição de um lacaio irritante, por um lacaio soporífero...
Não será soporífero por muito tempo.
Abraço.
A luta vai continuar até que a batida aos coelhos surja o efeito necessário.
Saltemos, então - fazendo do nosso resultado (que eu festejei!) uma alavanca para as grandes lutas do futuro imediato.
Um abraço grande.
Sócrates,na despedida, encenou um ar humilde, infeliz, a contrapor à sua arrogância habitual o que levou muita gente a pensar que ele foi digno pela primeira vez.Não é esta a minha opinião.
Quanto a Passos Coelho, ele só engana quem quer ser enganado. Não está ele amarrado à troika , assim como o CDS e como estava e está Sócrates?
Dias maus nos esperam . Mas a nossa luta não abranda e lá vamos dando passinhos como este da eleição do deputado por Faro.
VIVA A CDU. VIVA O PCP.
Um beijo.
...e toca a saltar...
e toca a arregaçar as mangas...
e toca a lutar...
que temos um povo que connosco anseia
pelo futuro de liberdade, desenvolvimento e democracia,
possíveis com a política patriótica e de esquerda.
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