No carro, ouço o que a telefonia me dá. E nem sempre. E melhor seria, às vezes, que não ouvisse.
Ainda ontem, vindo do Zambujal a caminho do Largo Luís de Camões, sendo chato o que se transmitia na 2, caí no “contraditório”, programa que já decidira deixar de ouvir (o Carlos Magno tem o condão de me irritar, o que não é nada bom para uma condução segura… e do Delgado não digo nada).
Caído em contradição, lá os fui ouvindo, aqueles senhores e aquela senhora (que, por vezes, parece que acerta umas frases que escreve… se é que é a mesma).
E entrou-me pelo carro dentro e pelos quilómetros afora uma inconcebível conversa, lá entre neles no jeito de quem está na sala a comer amendoins e a beber “umas coisas”, sobre como irá ser o governo deste País depois de 5 Junho.
Partiam, todos sem qualquer honrosa excepção (ou não dei por ela porque não ouvi tudo, como é de mínima precaução cautelar ou remendo tardio), de um pressuposto, erigido em certeza absoluta, coisa em que são pródigos.
No dia 6 de Junho “a direita vai estar no governo”. Ponto final, parágrafo.
(ah!, é?, e onde é que tem estado?, na rua a protestar?, na AR a ser oposição à sua própria política?)
A partir desse pressuposto-certeza, que tomará a forma de uma qualquer concertação PSD-CDS que poderá, eventualmente, dispensar o PS, remetido para o papel de oposição par(a)lamentar, aquelas contraditórias criaturas foram formando o governo, com as suas/deles indiscutíveis alterações de composição e preenchimento.
Um governo reduzido, claro. Um mini-governo, uma espécie de primeiro-ministro e algumas inevitáveis delegações, as mínimas, aliás, latente que estava a configuração de um Presidente de Conselho “à la Salazar” com uns tantos – poucos! – colaboradores.
Era mais ou menos assi:; os Negócios Estrangeiros casavam com a Defesa, a Administação Interna cohabitaria, em união de facto, com a Justiça, a Cultura morreria solteira ou iria para uma cave (ou um sótão) da Educação ou de lugar nenhum, as Finanças – ah, as finanças… –, com o que sobrasse de Bruxelas, meteriam no bolso (e nas bolsas) toda a Economia, incluindo as Obras e os Transportes Públicos, a Saúde passaria a departamento do Serviço Nacional aos Mellos, SA ou SGPS, e por aí fora.
Parei numa estação de serviço para respirar fundo e outras necessidades.
Comprei o Expresso e, enquanto bebia um sumo, vi, em grandes parangonas, que o Passos (de Coelho) só dá três desses ministérios, do governo reduzido pelos “contraditórios”, ao Portas – e ele quer mais, claro –, além de que, no acordo "entroikado", entrará o PS (mas não o Sócrates, que deve ir sinecurar-se para Vilar de Massada, ou para uma universidade nos EUA tirar uma licenciatura "à séria", ou para um cargo ocde(a)ético ou onuloodesco).
Mas as eleições serão amanhã, e tudo se resolverá em definitivo, depois de contadas as espingardas, perdão, os votos, que é para isso que, para eles…, as eleições servem.
Talvez com as contas feitas pelo sr. Belmiro de Azevedo, que parece especialista nessas coisas.
É por estas alturas que me dá uma grande, uma enorme vontade de estar num lugar qualquer onde não consiga perceber patavina do que dizem os jornais e do que se diz na rádio.
Mas depressa volto à terra.
E à luta.
5 comentários:
Não haverá por aí algum resquício de masoquismo?
Agora a sério, os lacaios do capitalismo conseguiram convencer os eleitores que vão votar para eleger um 1º Ministro. Com esta trafulhice reduzem as alternativas e conseguem a alternância, levando os eleitores a votar contra os seus próprios interesses.
Como se disse no Largo Luis de Camões, as eleições são para eleger deputados, pelo que a questão que se coloca não é a de "vocês têm razão, mas não conseguem ir para lá" mas sim a de que "já lá estamos" o que precisamos é de elger mais deputados para termos mais força na defesa da nossa razão e no combate à política das troikas. Vamos então a isso e... a luta continua.
Um abraço
Artur Ricardo
Apetece mesmo um recanto mais sossegado deste planeta. Mas nós vivemos nele e num pequeno lugar chamado Portugal.
Portanto, como tu muito bem dizes, é cá que temos que lutar para alcançar esse recanto, mas que seja acessível a todos.
Um beijo.
A luta continuará.
A única coisa com alguma utilidade (e até mais divertida do que o programa de rádio) feita com um nome desses... é a Agência Magno.
Estou aqui a gozar, mas farto-me de cair nessa esparrela. :-)))
Abraço.
Carlos Magno tem a mania que é esperto e é um reaccionário.
Só agora terminei o trabalho, amanhã é dia de Votar e estar numa Mesa.
Depois à noitinha virei aqui para dizer, Valeu a Pena Lutar!
Bjs,
GR
Artur Ricardo - Tive pena de não te ter encontrado ontem. Mas... ainda bem: havia muita gente!
Graciete - É assim que sinto. Pasárgadas só de passagem.
Samuel. Ele há cada agência magna...
GR - Amanhã também vou para uma mesa como delegado, o que em Ourém é (quase) inédito.
Bom DOMINGO
Abraços e beijos
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