sexta-feira, dezembro 01, 2006

Sin piel y sin espinas!

Acordei bem disposto. Atravessei a noite nas profundezas do sono e a Zé saltou uma data de horas – aí umas sete ou oito – de uma vez só e, como é reconhecido, por mim…, os seus sonos e sonhares condicionam a minha disposição.
Para ajudar, ao olhar lá para fora, vi sol a brilhar, ou a fazer brilhar de luz as folhas que ontem apenas pingavam e brilhavam de água chovida.
Além disso, hoje é feriado, o que é uma alegria... até para os reformados. E é-o por uma boa razão – acho eu!… Hoje é o dia da independência, ou, para ser mais rigoroso, o da Restauração da dita.
Depois, é que foi o delas…
Para começar o dia, ao fazer a minha primeira e sumária higiene corporal (a do lado de fora do corpo) apanhei com um frasquinho de loción para manos y cuerpo, com manteca de cacao e mais uma quantidade de prosa promocional na língua de nuestros hermanos... salvo sejam. Franzi a testa, e o nariz e tive de o assoar porque, apesar do sol, está frescote. Assoei-o (ou asseei-o, de asseio?) e fi-lo com uns pañuelos 4 capas da marca Cien.
Já a começar a irritar-me, mudei um penso que me está a curar de uma feridita na pele do braço de tanto adesivo lhe porem após injecções e tirares de sangue e apanho com uns pensos “estéril a menos que se abra o rompa el envase” vindos de Distrix Ibérica, S.A. directamente de Barcelona.
Para acabar mal o começo da manhã, ao abrir o frigorífico dei de caras com os ditos de uma embalagem que tenho usado distraidamente de paté de atún em aceite, marca La Piara, e, numa outra prateleira, descubro uma embalagem de filetes de caballa del sur en aceite vegetal, de fácil apertura.
Estou irritadíssimo. Isto é que é uma cabala. Sin piel e sin espinas como despudoradamente informa esta última embalagem.

Viva a Restauração. Estou a pensar ainda hoje mandar um mail ao Zé Abreu para me inscrever no Grupo dos Amigos de Olivença!

(Ah!, e então não é que o sr. Bill Gates, que parece velar e zelar pela nossa língua materna e paterna sublinhando os erros que possamos ter cometido nos computadores que dele são e nos emprestou, deixou passar a maior parte do que escrevi em castelhano e me repreendeu por ter escrito despudoradamente? É mesmo uma cabala!)

6 comentários:

Anónimo disse...

E ainda não foste ver as etiquetas das nossas roupinhas e sapatos: ele é Zara, Maximo Dutti, Elena Miró, Mango, Pablo Fuster, etc., etc.,
Restauração da Independência? Venha ela!

Sérgio Ribeiro disse...

Pois é, ainda estou de pijama, ainda não passei à higiene após a sumária.
Além disso, tenho pouco hábito de olhar as etiquetas do que revisto o corpo... nas vou ter.
Ao que antevejo, estamos a caminho de tudo o que consuminos, usamos ou vestimos ser ou hispânico ou chinês.
Com capitais transnacionais a circularem pelas auto-estradas da globalização.
E apetece tanto dizer "eu, há 20 anos, bem disse que iria ser assim".
Mas as gentes andam relativamente indiferentes. Até que doa no osso!

Rosa dos Ventos disse...

Texto bem divertido!
Quando vou às compras faço questão de comprar português, se não tenho outra solução, resmungo contra os mal-ditos "nuestros hermanos" e outros quejandos!

Anónimo disse...

Produtos alimentícios, de higiene ou todo tipo de etiquetas que nos ajudam a não morrermos de frio, não compro! Não compro nada de Espanha!
Só os medicamentos, sou obrigada a comprar!!!
Recuso-me a comprar fruta, enlatados, ou roupa mesmo sendo mais barata, com selo de Espanha.
Quando não tenho a certeza, peço ao vendedor o recibo, ela até me mostra. Fui enganada uma vez, ouviu o que não quis. Deixei de ser sua cliente e veio-me pedir desculpa, blá-blá-blá. “Continuarei a comprar no seu estabelecimento se me deixar colocar um cartaz “Compre produtos portugueses!”, ainda hoje o cartaz está exposto, com informação da “ALDA” e “CNA” com temas que possam interessar ao cliente, se não renovo a informação, ela (agora) resmunga.

Que bom terem produtos estrangeiros, proporcionou uma crónica magnífica!

GR

betinha disse...

Tento sempre comprar produtos portugueses, mas admito que para a grande maioria das pessoas é bem mais acessivel comprar espanholada e chinesices! O poder de compra não permite que se combata este tipo de produtos porque são efectivamente mais baratos... infelizmente! Até acho que as pessoas não estão completamente adormecidas, não têm é grandes alternativas...

Skywatcher disse...

Parafraseando os nossos amigos Dupont & Dupont, eu diria: É mesmo uma cabala... eheheheh
Um abração.