O "post" anterior foi escrito sob alguma tensão. Reconheço-o embora me reconheça inteiramente no que nele está escrito. Lidos os comentários e outras "fontes", volto à carga, começando por reagir ao "amigo" Segismundo que, com o seu "mano" Nicky Florentino, me dão prazer/gozo ler, e com alguma frequência aqui transcrevo, e que ao assunto se refere.
O dito Segismundo chama ao concurso já passado "jogo da galega sobre os dez maiores tugas de todos os tempos" e, depois de comentário curtíssimo e irónico (à sua maneira), termina dizendo que tudo o resto é histerese (aparecimento de um atraso na evolução de um fenómeno físico em relação a outro) ou histeria. Ora não me parece que seja adequado este remate.
Primeiro, porque não considero que haja qualquer atraso, no sentido de algo que acontece fora do tempo certo, nesta emergência de sinais de que o fascismo anda por aí a espalhar. Haverá, sim, antecipação e concertação.
Depois, porque se a expressão histeria é usada como carapuça a enfiar em quem mais reagiu ao resultado desta operação de branqueamento do fascismo, não a aceito e acrescento que mais reagiu quem melhor conhece o que foi o fascismo, e sente que ele se insinua e manifesta em algumas das suas máscaras preambulares.
Naquele selecto cenáculo televisivo da sessão de "apuramento do maior português" o promotor-mor da "candidatura" de Oliveira Salazar a tal épico título, numa postura de grand seigneur, de magnânimo vencedor, deixou a imagem de um "Estado Novo" em que não havia as maleitas e doencas que atingem os portugueses na actualidade, entre outras a da corrupção. E não só ele o fez...
Logo logo hoje, dois dias depois da consagração salazarenta, de corrupção se fala, e muito, e muito oportunamente, para se insistir na tecla de que tal é maleita nova de que o regime anterior ao 25 de Abril não sofria.
E é prudente, diria da máxima prudência, ver nestas insistêncas o ataque ao 25 de Abril e à democracia como se fossem estas as causas da corrupção que, antes..., se diz não ter existido porque havia um homem que a não consentia. O que é multiplamente falso, porque a corrupção que existe - e tem de ser seriamente combatida! - é fruto de não se cumprir o 25 de Abril e porque, no antigamente..., havia (oh! se havia...) impune corrupção de cariz fascista. E assusta ver o necessário, urgente e sério, ataque à corrupção servir de instrumento para, insidiosamente, se branquear o fascismo e fazer a apologia de ditaduras salazarentas.
Como assustam tantos outros sinais de aparente tolerância e de neutralidade histórica com a mesma finalidade.
Estaremos a acordar fantasmas, dirão alguns. A questão é que não se trata de fantasmas mas de reais ameaças e ai de quem não sabe ler os sinais. E estes não estão nas conchas, ou noutros artefactos esotéricos. Estão nas escolas, na televisão, nos jornais, nas rádios.