segunda-feira, outubro 15, 2007

Eu não calo!

No seu blog, Vitor Dias diz-me que a RTP passou aquela coisa chamada “The Miracle of our Lady of Fátima ” e termina com um desafio quem cala, consente!
Por mim, não me calarei. E lembro a reacção do meu Pai quando, há tantos anos..., no cinema S. Jorge, fez um escândalo ao ver esse filme (de 1952), levantando-se aos gritos de que era mentira, que aquilo era tudo falso.
Tinhamos ido, a família, ver o filme - porque o meu Pai a nada faltava que se relacionasse com Ourém! -, e a sua indignação e protesto vinham da surpresa perante a versão holywoodesca do que acontecera na Cova da Íria em 1917, e de que ele fora testemunha, mas, muito mais, pelos "terríveis interrogatórios" a que teriam sido sujietas os patorinhos e pelo enquadramento socio-político feito aos acontecimentos, como a referência ao 5 de Outubro de 1910 como uma "revolução socialista". Ao serviço da "guerra fria" e muito agradando ao fascismo em que vivia Portugal, e que fez, à família assustada, segurar a indignação que o meu Pai não conseguiu calar em público. Lembro-me, ainda, que a tal propósito escrevi um artigozito para o Notícias de Ourém. Que vou tentar recuperar...
Chega a parecer-me inacreditável que a RTP, passado todo este tempo, vá passando esse filme! Mas assim se quer fazer a História...

3 comentários:

GR disse...

Ao longo dos anos ouvi falar de Fátima, milagres, pastores, segredos e grande acumulação de dinheiro para a igreja.
Nunca fui a Fátima, nunca vi nenhum filme, mas em telejornais vi (há uns anos) pessoas arrastando-se de joelhos, outras percorrem a pé largas centenas de km, chegando ao local muito mal tratadas fisicamente, rogam um mundo melhor, sem fome, nem guerras.
Vão ao encontro da quimera e não a encontram!
A luta pela Paz, por um mundo melhor e mais justo, não se encontra em Fátima!

É-me difícil entender aquelas imagens!

GR

Anónimo disse...

pá, o filme é flagrantemente anti-comunista - basta ver a primeira cena, a suposta proclamação da república, em que a revolução republicana é transformada em revolução socialista e em que o proclamador é uma autêntica estampa do Vladimir no palácio de inverno. portanto, desde o princípio o tom do filme é claro e evidente. quanto ao que se passou em fátima, é evidente que o filme é uma salada de ficção e história, embora, admito, a intenção à época fosse o de apresentar o filme como um exercício de reconstituição histórica, que manifestamente não é. é por isso que o filme não deixa de ser interessante. no sentido em que é um documento entre outros da paranóia americana personificada no mr. red scare, o tal senador McCarthy nado no wisconsin, que andou feito tonto a caçar bruxas na primeira metade dos cinquenta últimos. para além disso, o filme tem outra vantagem, da qual ninguém fala, saber os apelidos de Lúcia (Abóbora dos Santos).

Anónimo disse...

Obrigado, sf. A ajuda é muito importante... porque só vi o filme há 50 anos! Agora, só li o que vem no "site" da RTP, e daí o protesto indignado que não calo, e de que já fiz motivo para carta ao sr. provedor.
Quanto aos tontos dos McCarthy e Bush, o problema (e nosso!) é que são tontos úteis e muito perigosos pelos serviços que prestam.
Então a Lúcia não era de Jesus era Abóbora dos Santos?