quarta-feira, agosto 25, 2010

Tomar partido! (Os transportes)

Quando, ao reflectir sobre a base teórica que fundamentou, ou veio fundamentar, o partido que foi tomado, se confrontam os conceitos nucleares de trabalho, de criação de valor, de trabalho produtivo, espanta o facto desta base teórica ter os seus caboucos lá para a segunda metade do século XIX, quando não havia excel e processadores de texto, estavam para nascer ou eram crianças os avós de Bill Gates e Makintosh (“isto” é um fulano?...), quando davam as primeiras e indecisas voltas os pneus do que viriam a ser os automóveis e não havia aviões (apesar das barcarolas e dos balões).
Não obstante, o sr. Karl Marx, nos seus estudos (teóricos!) sobre o trabalho produtivo já teve a clarividência de considerar que os transportes tinham um papel central nessa tal base teórica. O que é verdadeiramente espantoso!
É verdade que Marx foi sempre testemunha atenta do que se passava à sua volta – como os pneus… - e privilegiava a dinâmica, o que caminhava para o futuro – sobre rodas ou não…
Marx interessou-se muito pelos transportes, e empolgou-se com o seu vertiginoso progresso com a burguesia ascendente (progresso que, hoje, parece lentíssimo!). Decerto porque, nascido ele a 1818, a locomotiva de Stephenson apareceu em 1825, em 1830 foi inaugurada a primeira via férrea Liverpool-Manchester, na década de 40 o mundo passou de 8 mil para 30 mil quilómetros de redes ferroviárias (que coisa impressionante!) De 1863 a 1867, estando Marx entre os 45 e os 50 anos, enquanto escrevia manuscritos (não tinha computador…) para O Capital, nas “suas barbas”, na Áustria, construia-se, através do colo de Brenner, uma via férrea com 22 túneis nos Alpes, sessenta viadutos e pontes, ligando Alemanha, Áustria e Itália.

Há quem diga que se estava na “era do carril”.
Mas não foram apenas os caminhos de ferro. Para dar um outro exemplo, lembre-se que o canal de Suez foi inaugurado no final de 1869. Adiante... avante!

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Evidentemente que esses factos, e o seu encadear, tiveram importância no estudioso da realidade, e seu atento observador, que era Karl Marx. E foi capaz de ver para diante, de avaliar a importância do desenvolvimento impetuoso dos transportes nos meios de produção e de o enquadrar na natureza capitalista do sector.
Antes, muito antes, do automóvel, do avião, das auto-estradas da comunicação.!
Uma base teórica colocada sobre carris, é o que é!

5 comentários:

Justine disse...

Sugestão/opinião/à parte: estes textos, todos juntinhos,em papel onde se pode ir escrevendo nas margens, seriam mais fáceis de apreender e de aprender.

Eu disse...

Obrigado pela sugestão!
Para ti, arranja-se...

Ricardo disse...

E se me permites, apesar de referires o Canal do Suez, o desenvolvimento que primeiro o barco a vapor e mais tarde a refrigeração nas embarcações introduziram no próprio processo produtivo.

Jorge Manuel Gomes disse...

Camarada,

Encontrei esta pérola no youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=GOgB0pynz7c&feature=player_embedded

Sempre a tomar Partido, desde Vila do Conde.

Jorge Gomes

Sérgio Ribeiro disse...

Claro que sim, Ricardo. A lista nunca seria exaustiva e o que referes á um "motor",um salto qualitativo nas forças produitivas.

Obrigado, Jorge Manuel G, e tenho a intenção de vir a incluir o Ary na série, que por agora priviligia as questões teóricas.

Abraços