segunda-feira, agosto 02, 2010

Informe-SE - 2

Artigo de opinião (informativa), publicado na Gazeta de Alagoas, em 31 de Julho, da autoria de Sérgio Barroso (*):

Barbárie imperialista: passado e presente

O filósofo italiano Domenico Losurdo, lançou em maio último, no Brasil, A linguagem do Império – léxico da ideologia estadunidense. Em 2006, Liberalismo: entre civilização e barbárie, Losurdo ilumina surpreendentes rotas de interpretação histórica: despedaça a fábula ideológica de que a Grã-Bretanha e os EUA sempre representaram o êxtase da democracia e dos direitos humanos universais.
Bastião de regime escravocrata e sanguinário, os EUA emergiram xifópagos: pioneiros em liberdades burguesas originárias, entretanto atracadas à violência para subjugar e aniquilar negros; ou massivo genocídio de ameríndios.
No século passado, diz Losurdo, o surgimento da Ku Klux Klan e da teoria da white supremacy ordenava linchar negros, acossar imigrantes orientais e europeus periféricos – eram de “civilização bastarda” ou uma “cloaca gentium” (cloaca humana). Ora, a ideia obsessiva de que a “eslavização” da Alemanha a levaria ao “cancelamento do elemento alemão” encontra-se já em “Mein Kempf”, de Adolf Hitler (Liberalismo, p. 144).
Pós Guerra-Fria e com a alteração na correlação de forças no terreno militar, os EUA anunciaram ser o “preceptor do genêro humano”. Tal tendência, “presente no momento de fundação dos Estados Unidos” – reitera Losurdo –, explicitara-se desde o covarde morticínio em Hiroshima e Nagasaki, patrocinado por Harry Truman (A linguagem, p. 278).
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Nos sombrios tempos que correm, o professor doutor Christopher Busby (cientista e Diretor da Green Audit, e conselheiro científico do Comitê Europeu para os Riscos de Radiação) reuniu uma equipe de para pesquisa na cidade iraquiana de Falluja. A cidade é “proibida” desde os intensos bombardeios (2004) por americanos e aliados.
Os exames alcançaram 721 famílias de Falluja (4.500 pessoas), atingindo regiões de diferentes níveis de radiação... urânio empobrecido (DU – Depleted Uranium), um resíduo da indústria nuclear.
Militares norte-americanos proibiram o professor Busby de obter quaisquer dados, alegando que Falluja é “zona insurgente”. Autoridades ameaçaram prender os envolvidos na pesquisa, caso cooperassem com os “terroristas” entrevistados.
Em Cancer, Infant Mortality and Birth Sex-Ratio in Fallujah, Iraq 2005-2009, os achados de Busby em Falluja: crianças nascidas sem olhos, com duas e três cabeças, nascidas sem orifícios, nascidas com tumores cerebrais e retinais malignos, nascidas sem órgãos vitais, nascidas sem membros ou com excesso dos mesmos, nascidas sem genitais, nascidas com severas malformações cardíacas.
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(*) É médico.

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Tudo isto devia ser dado a conhecer ao mundo inteiro. Mas estes factos horrorosos são completamente escamoteados dos meios de informação e também dos livros escolares. É perigoso conhecer a verdade.

Um beijo.

Anónimo disse...

Só pode ficar surpreendido com estas revelações quem ignora os efeitos devastadores da bombas nucleares lançadas sobre o Japão, dos bombardeamentos de napalm no Vietname, no Cambodja e até nas colónias africanas sob domínio português. Sobre as virtudes da democracia bsta ler com alguma atenção o texto de Lenine para percebermos que Losurdo é um ingénuo que tem o apreço da esquerda portuguesa. Porque será?

Ana Martins disse...

O que me consola é que os genocidas ainda sentem a necessidade de esconder os seus crimes. É sinal de que a Humanidade continua a condená-los e nem tudo está perdido, só falta abrir mais um bocadinho os olhos.