O que está a viver-se em Paris, em França, que entra em nossas casas e dentro de cada um de nós, é horror, é tragédia.
É um episódio de uma escalada a que parece não se saber pôr fim, antes se estimula, se acirra.
Dizem-se coisas, dizem-nos coisas, no calor da emoção sincera, da indignação justificada, que são também explicação, catarse e revelação. De medo e impotência nossas. Do dito Ocidente.
Vamos ripostar como corpo agredido, ferido, massacrado? Vamos retaliar o que, no fundo, é retaliação pelo que temos sido e temos feito, somos e fazemos como corpo e civilização?
Mas... que corpo?, que civilização una e definitiva somos nós, que nas armas se funda, na violência e na guerra se consolidou, e que quer dar lição e exemplo?
Sofremos a pequena e trágica história do momento em que esse corpo é ferido, massacrado, chacinado, e recuamos apenas para tomar balanço para ripostar, na escalada da violência, do massacre, da chacina... mas a coberto do manto da civilização, da civilização das armas, do poder de retaliação, em nome dos direitos humanos que são, evidentemente!, os que nós definirmos e que de trincheira mistificadora sirvam. Vamos invocar (e mobilizar) a sagrada sigla da NATO contra os outros que não quisemos que fossem nós, que não queremos que sejam nós, que são... os outros de que nós nos servimos para que sejamos apenas nós e não - também! - os outros.
Há tantas Paris, há tantas França, o Ocidente é - só! - um ponto cardeal na cosmografia da Humanidade.
A História nos julgará por querermos ser tudo sendo tão pouco!
(sentimento de um ocidental,
Cesário Verde sempre comigo)
1 comentário:
É assim mesmo - sofrendo as consequências de políticas desumanas...
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