19.12.2017
Poderia não se chamar José Dias Coelho,
não ter 39 anos,
não ser o artista plástico de grande valia,
reconhecida pelos seus pares;
poderia não se ter marcado a reunião
para aquele dia 19 de Dezembro de 1961.
Poderia não ter tido eu a tarefa do encontro e do transporte,
eu, a dois dias de fazer 26 anos!
Mas… foi assim.
Naquele dia, naquela hora.
E fomos nós!
Fui eu o jovem comunista que esperava o camarada clandestino
- de quem nada sabia
… nem o nome!…
apenas o tudo de ser o camarada!
O camarada que a PIDE assassinou na rua da Creche,
na rua que hoje tem o seu nome,
foi José Dias Coelho.
Naquele dia assim “a morte
saiu à rua”,
tão perto da rua onde eu o
esperava!
Poderia eu esquecer?!
dezembro de 2017
2 comentários:
E Mário Dionísio também dedica um belíssimo poema aos mortos assassinados pela Pide.Não sei se é dedicado especialmente a José Dias Coelho,mas poderia ser. Estes hediondos crimes não podem ser esquecidos."Meu companheiro morreu às cinco da manhã/Foi de noite ao fim da noite às cinco em ponto da manhã/Ah antes fosse noite apenas noite sem a promessa da manhã ,e por aí fora.É um poema comovente,pois o poeta soube expressar a perda de um homem que tinha encontrado "a promessa risonha da manhã".É claro que nunca poderás esquecer esta passagem repressiva,na tua vivência militante.Bjo
Não, não podes esquecer. É por isso que neste dia tu me és muito mais presente.
Abraço forte, Sérgio.
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