
domingo, dezembro 19, 2010
IDH-2010 - mais um apontamento

sábado, dezembro 18, 2010
IDH-2010 - o índice de não-rendimento (ou monetário)

A lista que elaborei inclui os 45 primeiros países dos 173 arrolados (os 169 com IDH calculado mais 4 que, não estando incluídos nessa lista de IDH total, estão, no entanto, numa outra lista em que se referem os seus valores de IDH de não-rendimento).
Algumas notas de sublinhado:
- Cuba que foi excluido da lista de IDH total por "falta de dados internacionalmente compilados e verificados", só o terá sido devido a a dados relativos ao rendimento monetário pois no IDH de não-rendimento ocupa um verdadeiramente extraordinário: 17º lugar, entre a Espanha e a Grécia!
- Os países com posição entre os de mais elevado nível de desenvolvimento humano devido à disposição de matérias primeas estratégicas, sobretudo petróleo, desaparecem desta lista de IDH de não-rendimento.
- Os países europeus que viveram décadas de experiência de construção do socialismo têm subidas muito significativas, estando todos nesta lista, com excepção da Bulgária que, no entanto, estaria entre os 50 primeiros quando é o 58º no IDH compósito.
- Os países "de lavagem de dinheiro" (ou outro tipo de "paraísos"), como Liechenstein (19 lugares), Andorra (14), Singapura (12 lugares) e Luxemburgo (11 lugares) são os de mais forte queda, e até a Suiça, pelo seu papel no sistema bancário-monetário, desce 6 lugares nas componentes saúde-educação relativamente ao lugar que ocupa no IDH conjunto por efeito do peso da componente monetário-especulativa.
- A Islândia é o país de maior subida, mas por motivo da queda das componentes de crescimento dito económico, que ainda não teriam atingido as componentes saúde e educação, o que, ao que parece, os islandeses não estão muito dispostos a deixar que aconteça: se há algo que tenha que falir, que vão os bancos responsáveis pela crise à falência...
- Portugal desce 5 lugares, passando de 40º para 45º!
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(*) - outro país em idêntica situação é o Palaos, com um 36º lugar, mas não me parece relevante dadas as suas características: uma dimensão pouco superior ao concelho de Ourém e uma população de 20 mil habitantes, em país independente desde 1994 mas totalmente dependente dos Estados Unidos, até nas votações sobre o bloqueio a Cuba, em que o documento de rejeição desse bloqueio, votado este ano na Assembleia-Geral das Nações Unidas, teve apoio quase unânime dos 192 países que integram a ONU, já que 187 membros votaram a favor, dois contra (EUA e Israel), além de 3 abstenções (Ilhas Marshall, Palaos e Micronésia).
sexta-feira, dezembro 17, 2010
IDH-2010 - pequena pausa ou apeadeiro
Mas passe eu adiante, que quero ir por outros caminhos menos enlameados ou minados (embora nem todos o sejam menos!).
As representações relativas à situação económico-social das populações têm de ter por base o factor monetário. A medida em PIB, ou em RNB, é indispensável. Mas em que valor? Não pode ser físico, em quilos, litros, metros, ou "paletes". Naturalmente (porque resultado de um real processo histórico) será em medida monetária, no equivalente geral. E assim nos encontramos no âmago da economia política. Na questão do valor e como o definir e medir(*). Uma unidade de medida comum é tão indispensável como se foi tornando cada vez mais um instrumento usado com fins que servem os interesses (de classe) dominantes.

Daí a importância do índice de desenvolvimento humano, como passo – e pequeno e tímido, mas muito importante – que, numa primeira aproximação, nos diz que, incorporando indicadores de saúde e de educação, o Qatar está em 38º, com um IDH de 0,803 e Portugal logo a seguir com um IDH de 0,795 (igual ao do Bahrein, que tem um RNB por habitante de 26,7 mil dólares em ppc), enquanto que, no indicador estritamente monetário, o Qatar seria o 2º em aparente riqueza das nações (o 1º seria o Liechtenstein, minúsculo país que é uma autêntica lavandaria de dinheiro.., onde vivem “principescamente” 30 mil habitantes), e Portugal guardaria o 40º lugar na lista dos 169 países para que o PNUD apurou dados.
É com estas prevenções que devemos usar as representações quantitativas. Trabalhando-as com… pinças.
(*) – Marx, numa carta de 27 de Abril de 1867, sobre O Capital:
«O que há de melhor no meu livro (e aí repousa toda a compreensão) é que
1º - como o sublinho desde o começo, o trabalho tem um carácter duplo segundo ele se exprime em valor de uso ou em valor de troca;
quarta-feira, dezembro 15, 2010
IDH-2010 - Todas iguais, todas diferentes

terça-feira, dezembro 14, 2010
IDH-2010 - Retomando

Uma leitura importante a fazer é a de comparar a lista de países ordenados pela medida económica com a lista dos países ordenados por esta medida mas ponderada pelas medidas de saúde e de educação.
Comparando as duas listas, sublinho que os três países com maior diferença positiva (isto é, maior subida na segunda lista relativamente à primeira) são a Nova Zelândia (+30), a Irlanda (+20) e Islândia (+20), mostrando como os níveis atingidos pela saúde e de educação melhoraram o lugar ocupado pelo nível de crescimento económico monetarizado (em paridades de poder de compra); e os três países com maior diferença negativa (isto é, maior descida na segunda lista relativamente à primeira) são Angola (-47), Kuwait (-42) e Botswana (-38), mostrando como a disposição de recursos (como o petróleo) pode originar valores económicos monetarizados que não têm expressão nos níveis de saúde e de educação.
sexta-feira, dezembro 10, 2010
IDH-2010 - Revisão e correcção para eventuais “curiosos”
Talvez ninguém reparasse (!!!), mas aproveito para dizer que estas ordenações obedecem a critérios meus, evidentemente discutíveis, pois excluo alguns países como Liechsenstein, Singapura, Andorra, Qatar por não completarem a série 1990, 1195, 2000, 2005 e 2010, e vi-me obrigado a preencher, por cálculo meu, a falha de dados para Alemanha no ano de 2000.
Quanto às minhas falhas, na folha excel sobre a evolução dos países com DH muito elevado, depois de a "scanear" e publicar no “post”, verifico que a coluna do ano 2000 não está certa e corrijo-a, assim com devo incluir dois países entre os referidos por terem tido lugares entre os 12 primeiros numa destas cinco datas (o Reino Unido no 11º lugar em 1995, a Coreia do Sul no 11º em 2010)
Em 2000, a Irlanda foi o 10º (e não o 5º), a Alemanha o 13º (e não o 9º), o Japão o 11º (e não o 10º), a Islândia o 12º (e não o 7º) e a Dinamarca o 16º (e não o 15º).
Para se poder completar o quadro (e o gráfico), a Coreia do Sul foi, sucessivamente, 31º, 25º, 22º, 19º e 11º e o Reino Unido 24º, 11º, 23º, 21º e 25º.
quinta-feira, dezembro 09, 2010
IDH-2010 - Apenas um apontamento

quarta-feira, dezembro 08, 2010
IDH-2010 - a evolução e os de DH muito elevado
Neste "post", fixo-me na evolução no quartil superior dos países de desenvolvimento humano, novo critério para os considerados de DH muito elevado, ainda na sequência do que já adiantei, mas agora com base na nova série.


terça-feira, dezembro 07, 2010
IDH-2010 - os países de desenvolvimento humano muito elevado

No relatório de 2010, consideram-se de IDH muito elevado 42 países, que têm um IDH superior a 0,788 (no anterior relatório o IDH de fronteira era de 0,900 e incluía 38 países), um valor médio de 0,878, uma esperança de vida à nascença de 80,3 anos, 11,3 anos de média de escolaridade, 15,9 anos de escolaridade esperados, e um rendimento nacional bruto por habitante (em paridades de poder de compra) de 37.225 dólares de 2008.

Relatório do Desenvolvimento Humano-2010 (PNUD) - Índice
Índice
*
Introdução de Amartya Sen
Agradecimento
Abreviaturas
visão geral
.
Reafirmação do desenvolvimento humano
A declaração original
Relatórios do Desenvolvimento Humano - à frente do seu tempo
O Desenvolvimento Humano permanece tão vibrante como sempre
.
O progresso das pessoas
Tendências recentes no desenvolvimento humano:
Vidas mais longas, melhor saúde
O conhecimento aumenta as possibilidades
Padrões de vida mais elevados
.
Caminhos diversos para o desenvolvimento
O quebra-cabeças do crescimento económico
Avanço global: o papel das ideias e da inovação
O papel das instituições, das políticas e da equidade
A história mais profunda: mercados, estados e o contrato social
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Tudo o que é bom nem sempre vem junto
As dimensões mais vastas do desenvolvimento humano
Capacitação
Desigualdade
Vulnerabilidade e sustentabilidade
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Inovações na medição das desigualdades e da pobreza
Três novas medidas multidimensionais
Medição da desigualdade multidimensional – o IDH Ajustado à Desigualdade
Medição da desigualdade de género – o Indice de Desigualdade de Género
Medição da Pobreza – o Índice de Pobreza Multidimensional
.
A agenda para além de 2010
O progresso e a ameaça das alterações climáticas
Uma agenda para a política
Uma agenda para a investigação
.
Bibliografia
Anexo estatístico
Guia do leitor
Legenda dos países e classificações do IDH, 2010
Tabelas estatísticas
Notas técnicas
Definições de termos estatísticos
Classificação de países
segunda-feira, dezembro 06, 2010
O Indice de Desenvolvimento Humano - o relatório de 2010
Não se corroborará a afirmação do prefácio do relatório deste ano de que "É agora quase universalmente aceite que o sucesso de um país ou o bem-estar de um indivíduo não podem ser avaliados somente pelo dinheiro" porque parece evidente que essa "quase universalidade" não se traduz, na prática, numa tendência das relações sociais predominantes, podendo mesmo dizer-se que estas têm sido desmesuradamente dominadas pela financeirização da economia, ou seja, pelo domínio do dinheiro, de tudo avaliador, e cada vez mais (juntamente com o crédito) fictício porque cada vez mais desligado da base real, da consideração de que “As pessoas são a verdadeira riqueza de uma nação”, que, como também lembra o prefácio deste ano, foi a primeira frase do primeiro relatório, de 1990.

É com vontade de me informar e de informar que o vou trabalhar.
Desde logo, deparei com uma dificuldade. E grande. O relatório deste ano aparece com muitas alterações, resultantes da afirmada procura de cada ano incluir melhorias em áreas muito delicadas, como o prefácio o confirma.
A juntar aos permanentes indicadores sobre saúde e sobre educação que procuram ponderar os de crescimento económico habitualmente utilizados, o prefácio revela que «(...) No Relatório deste ano são introduzidas três novas medidas – que registam a desigualdade multidimensional, as disparidades de género e a privação extrema. O IDH Ajustado à Desigualdade, o Índice de Desigualdade de Género e o Índice de Pobreza Multidimensional, que exploram inovações no terreno e avanços na teoria e nos dados, são aplicados à maior parte dos países do mundo e proporcionam perspectivas novas e importantes(...)»
Assim, diz-se que o relatório deste ano, e o IDH que inclui, actualizado, tem componentes de medida das desigualdades sociais. O que veio alterar, significativamente, a série e cirar as dificuldades que refiro. A primeira, até pela continuidade do trabalho de Maio, pelo facto de Cuba ter saído da lista dos 169 países da lista, embora com inclusão de dados sobre o país.
Por isso, apenas deixo esta nota introdutória ao estudo que vou proseguir, metendo de permeio, em próximo "post", quer o prefácio quer o índice da síntese do relatório.
Sobre Cuba apenas deixo a impressionante referência de que, tendo saído da lista dos 169 países, decerto por questões técnicas-estatísticas, estas, no entanto, não impedem que Cuba seja o 17º mundial, de 173 - os 169 e mais 4 para que é possível encontrar medida para um novo (e muito significativo)indicador, o de valor do IDH não monetário -, numa lista em que os três primeiros são Austrália, Nova Zelândia e Noruega, e em que Portugal ocupa o 45º lugar!