Não se corroborará a afirmação do prefácio do relatório deste ano de que "É agora quase universalmente aceite que o sucesso de um país ou o bem-estar de um indivíduo não podem ser avaliados somente pelo dinheiro" porque parece evidente que essa "quase universalidade" não se traduz, na prática, numa tendência das relações sociais predominantes, podendo mesmo dizer-se que estas têm sido desmesuradamente dominadas pela financeirização da economia, ou seja, pelo domínio do dinheiro, de tudo avaliador, e cada vez mais (juntamente com o crédito) fictício porque cada vez mais desligado da base real, da consideração de que “As pessoas são a verdadeira riqueza de uma nação”, que, como também lembra o prefácio deste ano, foi a primeira frase do primeiro relatório, de 1990.
É com vontade de me informar e de informar que o vou trabalhar.
Desde logo, deparei com uma dificuldade. E grande. O relatório deste ano aparece com muitas alterações, resultantes da afirmada procura de cada ano incluir melhorias em áreas muito delicadas, como o prefácio o confirma.
A juntar aos permanentes indicadores sobre saúde e sobre educação que procuram ponderar os de crescimento económico habitualmente utilizados, o prefácio revela que «(...) No Relatório deste ano são introduzidas três novas medidas – que registam a desigualdade multidimensional, as disparidades de género e a privação extrema. O IDH Ajustado à Desigualdade, o Índice de Desigualdade de Género e o Índice de Pobreza Multidimensional, que exploram inovações no terreno e avanços na teoria e nos dados, são aplicados à maior parte dos países do mundo e proporcionam perspectivas novas e importantes(...)»
Assim, diz-se que o relatório deste ano, e o IDH que inclui, actualizado, tem componentes de medida das desigualdades sociais. O que veio alterar, significativamente, a série e cirar as dificuldades que refiro. A primeira, até pela continuidade do trabalho de Maio, pelo facto de Cuba ter saído da lista dos 169 países da lista, embora com inclusão de dados sobre o país.
Por isso, apenas deixo esta nota introdutória ao estudo que vou proseguir, metendo de permeio, em próximo "post", quer o prefácio quer o índice da síntese do relatório.
Sobre Cuba apenas deixo a impressionante referência de que, tendo saído da lista dos 169 países, decerto por questões técnicas-estatísticas, estas, no entanto, não impedem que Cuba seja o 17º mundial, de 173 - os 169 e mais 4 para que é possível encontrar medida para um novo (e muito significativo)indicador, o de valor do IDH não monetário -, numa lista em que os três primeiros são Austrália, Nova Zelândia e Noruega, e em que Portugal ocupa o 45º lugar!
2 comentários:
Esperemos então pela tua trabalheira... para depois a aproveitar "indecentemente". :-)
Abraço.
samuel - à vontade!
É para isso que as "trabalhêras" servem. E esta está adiantada...
Abraços
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