sexta-feira, dezembro 24, 2010

10 (e nem mais 1 cêntimo) e 326.100.000 (mais 49.999 menos 50.000 euros)

Dizem que ser economista é ser “homem de números”.
No entanto, eu, que há 52 anos tenho a “carta de economista”, após 5 anos de “escola de condução” (foi antes, muito antes…, de Bolonha), e depois ainda me aventurei, já entradote na contábil idade, a fazer um doutoramento que saiu “melhor que a encomenda”, confesso que há números com que lido mal.
Não que não goste de números. Até tenho alguma apetência para e gozo em jogos em que entram números, sou admirador indefectível de Bento de Jesus Caraça e dos seus “Conceitos Fundamentais da Matemática” (e de outras suas obra e vida), mas há números que me baralham. Sobretudo quando têm um cifrão a acompanhá-los.
Num extremo, ligo muito pouco a tudo quanto são unidades, dezenas e centenas. Se não parasse nas centenas – agora de euros, mas durante muitos anos foi de escudos – aceitava que me chamassem perdulário ou até me interditassem.
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No outro extremo, fico perdido quando se passa a tratar de milhões, que depois são milhares de milhões (ou biliões?, qual foi a solução do Acordo Ortográfico?), biliões, milhares de biliões, milhões de biliões, milhares de milhões de biliões, triliões (é assim?).
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Por isso, ora vejam só como eu me encontro hoje, véspera de natal, em que se confirma que o salário mínimo português vai subir de 475 para 485 euros e em que se conhece a detecção, pelo Tribunak de Contas, de umas irregularidadezitas da ordem dos 326,1 milhões na gestão dos tribunais portugueses, por os chamados “depósitos autónomos” – que são, agora, geridos pelo Ministério da Justiça – terem sido desviados das suas finalidades, e servido para tapar “buracos financeiros” de 2008 e 2009.
Perturbado como estou com estes números, e para ver se os trago para a casa dos milhares, onde me mexo bem, fiz contas e sublinho que as tais irregularidadezitas, trazidas à dimensão mensal, dariam para mais de um milhão e trezentos e sessenta mil aumentos dos tais 10 euros do salário mínimo.
Nem assim consegui trazer os números para a casa dos milhares, de tal modo grandes são os “buracos” e pequenos os aumentos nos salários mínimos.

2 comentários:

The Mother of Mothra of ALL Bubbles disse...

as tais irregularidades pagam muitos salários mínimos, do gajo que traz as 600mil resmas de papel A4/mês
dos gajos que fazem a manutenção das 15000fotocopiadoras e 30mil impressoras se ainda funcionarem

se não funcionarem alguns salários mínimos vêm regularmente mudar-lhe os
tinteiros de base de carbono, cujos cartuchos misteriosamente se esvaziam apesar de ninguém conseguir imprimir nada nelas

já não se fala da indústria de papel higiénico periodicamente reciclado pelos utentes e funcionários

samuel disse...

Vós que lá do vosso império prometeis um mundo novo...

Abraço.