terça-feira, dezembro 14, 2010

A Islândia, um caso!

A Islândia é... um país. Com mais de 100 mil quilómetros quadrados e menos de meio milhão de habitantes.

Que já apareceu referido por duas vezes nas notas sobre o índice de desenvolvimento humano (IDH), merecendo uma paragem. E talvez..., uma visita (há mais de vinte anos, nas andanças militantes pela Paz, participei numa reunião em Reiquiavique, tendo gravada a lembranca de uma paisagem de neve e fogo e de gente... a viver a sua vida).

Numa dessas notas, mostrava a evolução do país sempre entre os de mais elevado nível humano passando de de 12º em 1990 a 14º em 1995, de novo 12º em 2000, com um grande salto para 7º em 2005 e uma queda ainda maior para 16º em 2010, em resultado das "aventuras financeiras-bancárias" que por lá se engendraram, sendo o primeiro país em que se falou de bancarrota, e melhor se diria que a banca (cor)rompeu.

Na segunda nota, a imediatamente anterior a esta, vê-se que a queda de 9 lugares no ranking de IDH, depois de um salto igualmente significativo de 5 lugares (apenas acompanhado - e ultrapassado - pela Irlanda), não foi paralelo na componente económica-monetária e no conjunto das componentes não-monetárias (non-monétaire na versão francesa, traduzida para português como não-rendimento, isto é, saúde e educação), pois está nos países em que é maior a diferença positiva (só com a Nova Zelândia acima com 30 lugares positivos, e a Irlanda com os mesmos 20 lugares positivos), estando no 5º lugar mundial, depois da Austrália, Nova Zelândia, Noruega e Irlanda.

Ora parece que o povo islandês reagiu com eficácia às medidas que foram delineadas para tirar um país da tal dita bancarrota através de forte ataque às componentes não-monetárias, a que chamaria sociais, e o facto é que se lêem notícias, em páginas interiores e sem grandes títulos, de que "a Islândia teria saído da bancarrota, e, claro, não por virtudo dessas medidas mas sim... "deixando os bancos falir"!

A situação não é muito clara. Ainda. Mas o facto é que está a merecer estudo e. como já li de fonte bem informada, o que tirou a Islândia da situação em que estava foi o facto de, através de intervenção sobre as taxas de câmbio, grande parte dos custos da financeirização excessiva da sua economia, da especulação desbragada, terem recaído sobre os credores estrangeiros dela agentes provocadores e não sobre contribuintes islandeses e o seu sistema social.

Exemplo a seguir? Cada país é um caso. E, dentro de um sistema ele sim em bancarrota, o que a Islândia, pelo seu povo, fez não pode ser seguido, exacta ou copiadamente, em países sem qualquer soberania sobre as taxas de câmbio, como é o caso dos países numa zona euro, de moeda comum ainda que não numa efectiva zona monetária.
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Tudo a desafiar estudo e reflexões, e a proibir que se diga que tudo é igual e fatal.

4 comentários:

Justine disse...

Muito interessante, esta notícia! A mostrar outros caminhos, para além de mostrar também as limitações de ter a "honra" de pertencer à zona euro!!!!

samuel disse...

A "zona" sempre foi uma chatice... mas tem tratamento.

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

A Zona é que manda e nenum país que a ela pertença pode ter veleidades de , por si só, rsolver os seus problemas resultantes das ordens da União Europeia.
Mas,a pouco e pouco, as situações acabarão por ser esclarecidas. Tenho confiança!
A propósito ouvi há pouco o debate do Nobre com o Francisco Lopes,que foi muito bom. O outro não vale nada.

Um beijo.

Ricardo disse...

Sérgio, penso que a oportuna notícia que muito bem transcreves não faz referência a um aspecto que penso ser determinante em qualquer processo do género, se é que existe algum tipo/género de processo como este e com as características da Islândia. É que se não estou enganado após a tal falência/bancarrota islandesa houve importantes alterações políticas. Primeiro com uma das soluções do costume: a adesão à UE (onde já vi um filme parecido?), e depois mais alterações políticas com umas eleições autárquicas que terão trazido ainda maiores alterações, em linha com a recusa em «tributar» o povo islandês com (um parte ainda maior d)os prejuízos da bancarrota.