sexta-feira, agosto 13, 2010

Tomar partido! (e a base teórica do Partido)

A base teórica do partido que tomámos, como comunistas portugueses, e que está explícita nos estatutos do Partido que somos pelo partido que tomámos, é a do marxismo-leninismo, logo se acrescentando “concepção materialista e dialéctica do mundo, instrumento científico de análise da realidade e guia para a acção que constantemente se enriquece e se renova dando resposta aos novos fenómenos, situações, processos e tendências de desenvolvimento. Em ligação com a prática e com o incessante progresso dos conhecimentos, esta concepção do mundo é necessariamente criadora e, por isso, contrária à dogmatização assim como à revisão oportunista dos seus princípios e conceitos fundamentais” (art. 2º).
É com essa base teórica que o PCP se define (no art. 1º) como um partido de classe, o partido da classe operária e de todos os trabalhadores portugueses, sendo a sua vanguarda. No entanto, a o seu conhecimento e a sua consciência está muito longe de estar alargado às massas que compõem a classe em si.
Num texto de 1920, Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo, Lenine adverte com uma pertinência que nada perdeu no (historicamente curto) espaço de 90 anos:
“(…) trata-se exactamente de não julgar que o caduco para nós tenha caducado para a classe, para a massa. Mais uma vez, constatamos que os "esquerdistas" não sabem raciocinar, não sabem conduzir-se como o partido da classe, como o partido das massas.
O vosso dever consiste em não descer ao nível das massas, ao nível dos sectores atrasados da classe. Isso não se discute. Tendes a obrigação de dizer-lhes a amarga verdade: dizer-lhes que seus preconceitos democrático-burgueses e parlamentares não passam disso, de preconceitos. Ao mesmo tempo, porém, deveis observar com serenidade o estado real de consciência e de preparação de toda a classe (e não apenas de sua vanguarda comunista), de toda a massa trabalhadora (e não apenas de seus elementos avançados).»


(continuarei)

10 comentários:

Fel de cão disse...

Isto de ler,logo de manhã,este blog é mesmo coisa de militante se bem que de grande interesse e actualidade
mas para mim é mais fácil este Tomar Partido..TOMAR PARTIDO



Tomar partido é irmos à raiz
do campo aceso da fraternidade
pois a razão dos pobres não se diz
mas conquista-se a golpes de vontade.

Cantaremos a força de um país
que pode ser a pátria da verdade
e a palavra mais alta que se diz
é a linda palavra liberdade.

Tomar partido é sermos como somos
é tirarmos de tudo quanto fomos
um exemplo um pássaro uma flor.

Tomar partido é ter inteligência
é sabermos em alma e consciência
que o Partido que temos é melhor

José Carlos Ary dos Santos.

Sérgio Ribeiro disse...

Meu caro Fel de Cão, também acho (e receio) que possa ser indigesto... mas eu coloquei a mensagem ontem à noite, antes de adormecer. E cá por coisas que por aí andam e me caem em casa.
Mas ainda bem que o fiz porque assim fiquei logo bem disposto com este comentário...
Bom dia!

António Cândido disse...

Seja qual for "que constantemente se enriquece e se renova dando respostas aos novos fenómenos,situações, processos e tendências de desenvolvimento"...Respostas essas, que têm que ser dadas de acordo com os interesses de emancipação das massas proletárias,e não o seu contrário,como o faz o COLECTIVO DO CC.

Concordo absolutamente com a citação de Lénine que faz. Mas é essa a prática do partido? O partido combate as ilusões parlamentares "democráticas" burguesas que existem na consciência das massas,ou pelo contrário alimenta-as, quando tem uma prática de intervenção dentro e fora do parlamento,virada EXCLUSIVAMENTE para o seu reforço parlamentar e deste modo cimentando ainda mais essas ilusões burguesas existentes no seu seio? Procura elevar o nivel de consciência das massas, mostrando-lhes a "caducidade do sistema" e a necessidade da sua transformação, ou pelo contrário,procura PERPÉTUAR o "CADUCO" quando propõe estas medidas tendo em vista o desenvolvimento da economia capitalista?

Concordo com a disciplina partidária e com o cumprimento das regras estatutárias no cumprimento de todas as tarefas (a minoria deve submeter-se às decisões da maioria do colectivo) mas utilizar estas regras para procurar dizer que nem sempre concorda com as decisões aprovadas, não me parece a melhor forma de sacudir a ÁGUA de CIMA do CAPOTE.

Sempre que posso eu assisto ás suas intervenções nos colóquios que o partido realiza e pelo que ouço você sempre demonstrou ser um enérgico defensor destas politcas,porque se assim não fosse você não era convidado para tal e muito menos eleito para o CC.

No meu último comentário coloquei-lhe uma questão bem concreta e que se encontra no centro da actividade politica do partido, que é o que fazer aos pequenos e médios capitalistas que estão abaixo dos ditos 50 milhões de euros de lucro por ano,( que não são assim tão pequenos e médios como parece)quando forem grandes, devido à politica de apoio que o partido lhes deu para o seu efectivo crescimento.

Mas se não quiser responder não responda, está no seu direito, mas não se esconda por detrás das citações do LÉNINE,para convencer os seus amigos de que o partido e você se mantêm "firmes" aos princípios revolucionários, porque isso revela um enorme fraqueza da sua parte.

António Cândido

Graciete Rietsch disse...

Os comunistas verdadeiros, sempre na frente de batalha, sempre na luta, sempre no esclarecimento das pessoas e não na sua manipulação, como esses partidos esquerdistas que muitas vezes usam, como suas, as nossas próprias palavras para nos destruirem, dada a grande aceitação que têm nos meios de comunicação e nos simpatizantes fascistas(mesmo encobertos), não podem ficar indiferentes à calúnia.
Mas,como diz ARY DOS SANTOS "a cada investida fascista, ergue-se sempre mais alto a BANDEIRA COMUNISTA".
As mentiras não atigem os comunistas e a luta continuará até à vitória que há-de chegar, tenho a certeza.

Um beijo, camarada.

aferreira disse...

-Alguém ficou incomodado com as propostas do PCP!
-E não é que têm razão para tal.

-Um outro caminho para responder a tal de crise.

-Ora vejam senhores que com esta pomada leva o dedo deixa o calo - -Deixa tanta gente com comichões tipo aoc / fec.ml etc $ tal

poesianopopular disse...

Atrevermo-nos a criticar uma opinião indevidual, é salutar e até poderá ser revolucionário, mas, criticar a resolução de um colectivo, (pode acontecer) mas, já não será revolucionário, será antes reacionário!
Camarada Sérgio, o nosso PARTIDO pode receber todas as criticas,mas não recebe lições de quem quer que seja!
O nosso passado, e o nosso presente,são a lição a decorar para o futuro!
Obrigado Camarada por tão bem saberes defender o verdadeiro Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, que é o PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS.
Não há provocação que faça abrandar a nossa luta, VIVA O PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS!
Abraço

miguel disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
miguel disse...

António Cândido: "o que fazer aos pequenos e médios capitalistas que estão abaixo dos ditos 50 milhões de euros de lucro por ano,( que não são assim tão pequenos e médios como parece)quando forem grandes, devido à politica de apoio que o partido lhes deu para o seu efectivo crescimento."

Parece-me que o António Cândido está a querer produzir teoria política em cima do "faz de conta". "Faz de conta" que as pequenas e médias empresas (e não os "pequenos e médios capitalistas" como afirmou) se agigantavam na sequência da introdução de uma taxa extraordinária de IRC a uma parte das grandes empresas. Isto é, faz de conta que o PCP tinha poder suficiente para impor essa medida fiscal (se tivesse poder suficiente para impor esta medida então não precisava de a impor, porque o mais certo é que estas empresas já não fossem privadas...) e faz de conta que, por essa via, as grandes empresas desinchavam e as PMEs inchavam.

Conclusão política: o PCP, ao combater o capitalismo monopolista está, afinal, a criar mais monopólios uma vez que, no reino do faz de conta, as PMEs se transformam automaticamente em empresas monopolistas de cada vez que se impuser um tributo especial a uma parte (que o António Cândido não cuida em distinguir) das grandes empresas.

(continua)

miguel disse...

(continuação)

Conclusão da conclusão: o problema que o António Cândido descreve (transformação das PMEs em monopólios/oligopólios como resultado da tributação especial sobre parte das grandes empresas) não se verifica (os monopólios formam-se nos processos de concentração e centralização do capital, não em sequência da política fiscal - embora esta tenha obviamente influência no quadro mais largo do capitalismo monopolista de Estado, do imperialismo, da imposição de regimes fiscais favoráveis a estes processos). Que resultados espera obter ao produzir teoria política em cima de pressupostos inválidos? Pré-conceitos e pré-juízos.

Escrevia Paul Sweezy numa carta a Paul Baran (19 de Janeiro de 1957): “Se alguém quiser saber o que é o grande capital eu direi General Motors; e se quiserem saber o que é o pequeno capital, eu apontarei para a mercearia da esquina da rua. Então se quiserem que eu defina uma linha de demarcação entre eles, eu mando-os para o diabo. Preocupar-se em traçar limites é um trabalho da economia burguesa. Explicar os fenómenos que existem indubitavelmente dos dois lados é a tarefa dos marxistas”.

Nota: caro Sérgio, desculpe abusar da hospitalidade, mas como não tenho "casa" tive de usar a sua para dizer algumas coisas acerca desta ideia que tenho visto espalhada por aí.

Sérgio Ribeiro disse...

Miguel (que, evidentemente, não é heterónimo de anónimo) - Na minha sequência de mensagens sob a etiqueta "tomar partido" vinha a seguir (para amanhã) a questão das micros, pequenas e médias empresas, não em resposta a comentários e comentadores mas a partir de questões aqui suscitadas neste espaço aberto. Em que acolho, com todo o gosto, o seu comentário (de que apaguei o duplicado), que agradeço e considero um bom contributo para uma conversa com quem quiser conversar sem pré~juizos, pré-conceitos, deturpações.

Um abraço