segunda-feira, setembro 27, 2010

Poemas cucos (e outras coisas cucas) - 26

Para "cucar" Camões é preciso atrevimento. E coragem.
Como para servir Jacob por causa de Lia, como para abrir uma livraria como espaço de cultura. Só com alguns (muitos) grãos de loucura numa terra que eu cá sei.


Aproveitando


Luiz de Camões


Sete anos de comerciante aqui eu servi
a vender livros, via para cultura, tarefa bela;
mas não servi ao comércio, servi a ela,
que ela só por prémio pretendi.

Os dias, na esperança de um só dia,
passaram, contentando-me em promovê-la;
mas o negócio e o preconceito, à cautela,
em lugar de dar apoios só me dava arrelia.

Vi-me pobre comerciante cheio de enganos,
e que me era negada a boa intenção,
como se a não tivera merecida.

Começaria a servir outros sete anos,
dizendo: — e mais serviria, se não fora
para tão longo esforço tão maior a dívida!

4 comentários:

Anónimo disse...

Este poema é difícil para quem te conhece...

Um beijo
Maria

samuel disse...

Não fora a cruel lonjura...
sete anos porfiaria
dando os braços a essa empresa
como Jacob serviu Lia

Poderia o Som da Tinta
ser o som que ligaria
cada Lia a seu Jacob
a cada sonho a porfia...

Não fora cruel lonjura...
e outro galo cantaria!

Abraço. :-)))

Mário disse...

"e que me era negada a boa intenção,
como se a não tivera merecida."

Grande escolho dos olhos é o mérito nos outros, montanha de vergonhas medos e frustrações, que se a não subirmos nos afoga e que se a escalar-mos nos mata as ilusões.

Não a todos, é bem certo, muito menos aos senhores, que de mundos detentores querem também o céu aberto.

Graciete Rietsch disse...

Para cucar Camões ou qualquer outro grande poeta é preciso talento.
O teu poema é fantástico. Parabéns.
Mas também gostei dos comentários.

Um grande abraço.