terça-feira, setembro 14, 2010

Reflexões curtas - a (in)compreensão

Um título para uma outra curta reflexão:

a incompreensão da dialéctica ou a dialéctica da incompreensão

Não que me esteja a atrever por terrenos que não são dos meus. Se de alguma poda sei é da poda das economias, e mesmo desta bem me tentam baralhar com tanta finança apodrecida à mistura. No entanto, para de algo saber, até da tal da economia, preciso de saber um mínimo de dialéctica.
Por isso, entendamo-nos: quando ataco o federalismo político-financeiro, numa União Europeia reflectindo o estádio da relação de forças (de classe), é porque estou contra ele, porque defendo a soberania nacional, porque só assim entendo o avanço de uma democracia que seja… democrática, no caso português assente em oito séculos de História.
Por outro lado, quando ataco – e tantas vezes o fiz e continuarei a fazer – a desvalorização, o desprezo, o abandono da coesão económica e social, e a diminuição do orçamento da União Europeia que para ela contribua ou preserva, não estou a ser incoerente. Não existe nenhum federalismo implícito ou escondido num reforço orçamental "comunitário". Mas já existe - e bem mais, e até mais perigoso que o federalismo - na coordenação-controlo dos orçamentos nacionais por uma qualquer entidade "comunitária", antes da ida aos respectivos parlamentos nacionais. É, pura e simplesmente inacreditável e inadmissível!
Uma Europa composta de Estados, soberanos e associados numa fórmula que o desenvolvimento das forças produtivas o exija, fórmula que salvaguarde essas soberanias, que esteja em permanente negociação, tem de cumprir princípios de solidariedade, e estes – condicionados pelo estádio da relação de forças (de classe) – implicam um orçamento comum que torne a coesão económica e social uma realidade e não um enfeite, uma expressão demagógica, um ludíbrio para enganar povos.

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Só se justifica uma Europa solidária e de entre ajuda mas respeitando a soberania e cultura de todos os países. É essa Europa que eu desejo e não a que quer fazer de nós uma potência económica e militarizada à sua imagem e semelhança.

Um beijo

GR disse...

Esta é a Europa do nosso descontentamento. Uma Europa ansiada talvez em 1942. Injusta, anti-social e xenófoba.

Bjs,

GR