domingo, janeiro 15, 2012

Guantanamo - um livro e mais umas notas

É (quase) sempre assim. Vai-se à procura de um livro, para servir de apoio a um trabalho ou para responder a uma dúvida, e ele parece que fugiu. Não está lá! 
Em contrapartida, encontram-se outros que foram procurados noutra ocasião e não encontrados, ou salta-nos um que parecia estar à nossa espera para continuar uma abordagem.
Ficou aqui, ontem, um "post" sobre Guantanamo, e hoje, à procura de outro livro, aparece este


injustamente esquecido, ou, pelo menos, não lembrado ontem, como teria sido oportuno.
Mas não se perde a oportunidade.
É um livro-documento, de 1990, que faz a história desde 1823 da doutrina Monroe, em particular daquela ocupação, como base militar dos Estados Unidos desde 1959, resquício da situação colonial de um país que foi colónia e passou pela dependência dos Estados Unidos até se tornar independente, em todo o território menos nessa base que se mantém, apesar de todas as denúncias e, até, dos acordos que não são cumpridos, continuando uma vergonhosa ocupação. Ocupação agravada, desde 2002, por se ter tornado numa prisão, num campo de concentração, em território ocupado de um país independente e sujeito a um cerco e a um bloqueio que a comunidade internacional condena inequivocamente (vejam-se as assembleias das Nações Unidas em que os votos dos Estados Unidos e de Israel são os permanecem impedindo a unanimidade do repúdio de tal situação.
A releitura do livro de Toste Ballart - de 1990 - veio lembrar que, aquando da chamada crise dos misseis de 1962, houve negociações e acordos, em que o ponto V estabelece "... a retirada da base naval de Guantanamo e devolução do território ocupado pelos Estados Unidos"!

Citam-se dois declarações de Fidel Castro:  
  • Uma, de 26 de Julho de 1962: "Essa base é um punhal cravado no coração da terra cubana (...) que não vamos recuperar pela força, mas é um pedaço de terra nossa a que nunca renunciaremos!";
  • outra, de um discurso no 1º de Maio de 1980: "Os Estados Unidos ocupam um pedaço do nosso território pela força e contra a vontade do nosso povo. E em que doutrina, em que princípios, em que lei, em que legalidade se pode basear o facto de se manter uma base naval no território de um outro país contra a vontade do povo? Isso não tem nenhuma base legal, nem jurídica, nem moral, nem em quaisquer princípios: é simplesmenete um acto de força!" e juntou "É legal o bloqueio ao nosso país?, é legal ter uma base naval no nosso território?, é legal violar o nosso espaço aéreo? Não!"

2 comentários:

Pata Negra disse...

E à volta dessa base não há um muro?! E há volta dessa prisão não há um silêncio!? E à volta de livros como este não existe censura?! Talvez toda essa arrogância imperialista seja um mal que traz um bem! Cuba, com todas as dificuldades, muros e barreiras e mentiras que se lhe impõem é a ilha onde se vive melhor nas redondezas latinas! Este é um argumento que desarma qualquer turista de ideias feitas!
Um abraço também para o heróico povo de Cuba

Graciete Rietsch disse...

Cuba resiste e resistirá porque educou um Povo e deu-lhe consciência.
Mas Guantánamo é uma ocupação ilegal transformada numa prisão onde se tortura e mata mas o grande "democrata" Obama nada fez para restituir ese pedaço de Cuba ao seu POVO.

Um beijo.