A CGD, o país, as populações,
o sistema financeiro
DOMINGO, 02 DE
ABRIL DE 2017
O plano de reestruturação da CGD,
definido por Bruxelas aquando da autorização para a sua recapitalização,
termina em 2020.
Nessa altura qual será a realidade da CGD?
Será ainda o maior Banco do sistema bancário em Portugal?
Nessa altura qual será a realidade da CGD?
Será ainda o maior Banco do sistema bancário em Portugal?
A CGD anda, há praticamente um ano, nas
«bocas do mundo» e revela-se como o grande alfobre da especulação jornalística
e o alvo preferido dos «fazedores de opinião». Toda a gente parece fazer
questão de debitar opiniões, desde as mais avisadas às mais delirantes, sobre a
CGD.
O que poderá justificar este tão súbito
e obsessivo interesse pela CGD? Lamentavelmente, apenas e só as movimentações
políticas e os jogos de poder, internos e externos.
A nível interno, a importância que a CGD
reveste para os interesses do país, a profunda ligação que tem às populações, o
papel insubstituível de moderação que desempenha no sistema financeiro, a acção
determinante e na altura amplamente reconhecida que foi obrigada a assumir, na
insolvência do BPN, … mas isso são tudo aspectos que os seus detractores não
valorizam, obcecados que estão com o seu descrédito, como Banco público.
Quanto às influências e movimentações
políticas externas. É cada vez mais evidente que o interesse da UE, seja da
Comissão Europeia ou das suas várias instituições (Banco Central Europeu e
Direção de Concorrência) é assumidamente contrário à existência no
sistema financeiro português, da CGD, como Banco de capital público, que é
também o maior do país e a referência das populações.
E porquê? Em primeiro lugar, porque para
a ideologia dominante em Bruxelas, a responsabilidade pela atividade financeira
em Portugal, deve ser entregue aos Bancos privados. Depois, porque é há muito
indisfarçável a sua animosidade contra a CGD, não só por ser um Banco público
mas porque detém o papel de líder de quota de mercado.
As condições determinadas por Bruxelas
para a autorização da recapitalização da CGD, aí estão a testemunhá-lo. Com uma
mão, dão autorização e aceitam que essa recapitalização não seja vista como
ajuda do Estado, para depois, com a outra mão, exigirem condições de
reestruturação que passam pelo encerramento de 180 Balcões e pela redução de
mais de 2000 postos de trabalho em território nacional. Para além disto e
daquilo que se sabe, Bruxelas exige ainda a saída da CGD, de França, Espanha,
Luxemburgo, Grã-Bretanha, Venezuela, Estados Unidos, Brasil e África do Sul.
«Os trabalhadores da CGD vão ser naturalmente as
primeiras vítimas deste plano de reestruturação e aqueles que mais cedo o vão
perceber, denunciar e combater.» Face a tudo isto e como diz a sabedoria
popular, «não se morre da doença, mas morre-se da cura».
Que CGD teremos em 2020, depois da
aplicação destas medidas? Poderemos ter um Banco com o nome CGD, mas que será
por certo uma «caricatura» daquela Instituição de referência que sempre
conhecemos. Esse banco, a CGD, terá então dimensão para intervir e moralizar o
sistema bancário? Esse banco, já não será orgulhosamente conhecido pelas
populações, como a «Caixa», mas deverá ser, muito provável e envergonhadamente,
definido como... a «caixinha»!
Porque Bruxelas, já decidiu que o
sistema financeiro português irá ser entregue a mãos estrangeiras.
Olhando para as manobras que ontem «conduziram» o Banif para o seio do
Santander, e para as que acabam de «depositar» o BPI no regaço do La Caixa,
percebe-se claramente que é por Espanha que passa a opção de Bruxelas.
Ora, o plano de reestruturação da CGD,
definido por Bruxelas aquando da autorização para a sua recapitalização,
termina em 2020 e nessa altura qual será a realidade da CGD? Será ainda o maior
Banco do sistema bancário em Portugal? Quantas Agências terá? Qual a sua
dimensão em termos de postos de trabalho? Terá crescido ou diminuído em número
de clientes? A sua ligação às populações será a mesma? Poderá funcionar ainda
como o mealheiro dos portugueses? Pensamos que não!
Por conseguinte, a CGD, para as populações
«a Caixa», a maior instituição bancária nacional, o Banco do Estado, poderá
continuar a existir como Banco público, mas com uma reduzida dimensão, com uma
diminuta quota de mercado e já sem quaisquer condições de poder ser um instrumento
forte do Estado, no apoio à economia nacional, de ter uma presença junto da
população em Portugal e junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, que
lhe permita continuar a ser o grande depositário das poupanças dos portugueses.
E já nem falamos das consequências sociais,
de se forçarem prematuramente à inactividade mais de 2000 trabalhadores e do
que vai acontecer às populações que deixarem de poder dispor da CGD para
garantir a segurança das suas poupanças.
Para que servirá então um Banco assim?
Qual vai ser o seu futuro? Deixamos estas interrogações.
Neste cenário, não nos iludam com
retóricas fantasiosas de que esta reestruturação é benéfica para a CGD e que é
por esta via que o Banco público se vai regenerar, fortalecer e ter melhores
condições para apoiar o crescimento da economia nacional. Não nos vendam
ilusões. Falem verdade.
Os trabalhadores da CGD vão ser
naturalmente as primeiras vítimas deste plano de reestruturação e aqueles que
mais cedo o vão perceber, denunciar e combater.
Ora, neste sentido, estamos certos que a
cultura de ligação à Empresa e o forte sentido coletivo que sempre os
distinguiu, serão mais uma vez os valores determinantes para o saberem assumir.
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