Carlos Santos Pereira
Mover a Montanha in Abril 11, 2017 365 Words
Quarenta
e oito horas e uns quantos Tomahawk disparados de um navio americano no
Mediterrâneo, foi quanto bastou.
Calaram-se
todas as dúvidas. Recolheram-se quaisquer reticências. Apagaram-se de vez os
últimos “alegados”. Sub-repticiamente, a narrativa dos media passara a assumir
o ataque sírio com armas químicas contra Idlib como um facto comprovado e
inquestionável.
De
mera suspeita, de hipótese entre outras, o “crime de guerra” passou a verdade
assente e definitiva. Os Tomahawk tinham a bênção do concerto das nações. Trump
pôde enfim dar uma de “duro” e sacudir a pressão doméstica. Os “falcões” do
Pentágono e do Senado marcavam mais uns pontos na sanha de confrontar Putin a
qualquer preço
A
técnica está mais do que rodada.
Lembram-se
do célebre massacre de Sarajevo de 28 de Agosto de 1995?
No
mesmo momento em que elementos da Forpronu e observadores militare s apelavam à
prudência, chamando a atenção para factos que desmentiam a hipótese de um
morteiro sérvio, o general Rupert Smith, comandante da força de paz na Bósnia,
concluía sem pestanejar: foram os sérvios, “beyond any reasonable doubt”. Foram
os sérvios, foram os sérvios e pronto! – repetiram prontamente os media.
Os
caças da NATO tinham enfim via livre para bombardear os sérvios intervir de
forma ainda mais aberta no conflito – e alterar definitivamente o curso da
guerra na Bósnia. Dizia Hiran Jameson em 1919 que a verdade é sempre a
“primeira vítima” da guerra.
A
manipulação fez sempre parte da arte da guerra. A propaganda sempre procurou
porém disfarçar-se minimamente de verdade.
Tudo
isso se alteraria neste nosso “glamoroso” mundo novo. A mentira passou a
dispensar qualquer disfarce para se transformar em verdade. E nem precisa de
ser repetida mil vezes. Basta vir no telejornal.
A
manobra resultou uma vez mais em cheio na Síria. Os apelos a uma investigação
rigorosa dos acontecimentos de Idlib calaram-se. Os media – repórteres, pivots,
editores, comentadores, analistas, opinion makers, patrões e quejandos –
cumpriram plenamente o seu papel.
1 comentário:
Sem papas na língua e certeiro!
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