Retiradas de um quase-diário:
(...)
... o não inesperado aproveitamento do “caso Miguel Casanova”.
&-----&-----&
Vai dar pano para mangas, ou achas para a fogueira onde chamuscar (até
queimar, se possível) o PCP.
&-----&-----&
Pelo menos, e pouco será, para agora vai dar para uma reflexão (ou duas!) aqui neste diário.
&-----&-----&
Aprendi, na Escola do Partido em que ando há mais de 60 anos, que ser
funcionário do Partido é (era) coisa muito séria, era (é) a trave-mestra de
toda uma organização.
&-----&-----&
Na concepção que está nas nossas bases e acção, o funcionário (em vez de colocar entre
aspas prefiro o bold...) era (é) o militante que passou a ser político a tempo inteiro, com dedicação total… até a da própria vida sempre em risco.
&-----&-----&
Os primeiros que conheci foram o Carlos Aboim Inglês e o José Bernardino, o primeiro que
controlou a célula dos economistas para onde entrei foi o Ângelo Veloso, depois
o Joaquim Pires Jorge, depois o José Dias Coelho, que conheci (sem saber quem
ele era) até que a morte desceu à rua trazida por mãos assassinas.
(...)
&-----&-----&
(...)
Que professores tive!
&-----&-----&
Por isso, e com pessoal e muito funda sensibilidade, sentirei a
importância do funcionário do Partido na
vida do partido e na militância dos militantes.
Com o 25 de Abril, com o Partido da clandestinidade da luta contra a ditadura e a guerra colonial, pela liberdade e democracia, a passar para a condição
de partido igual aos outros… mantendo-se diferente, a adaptação da situação de funcionário também teria de ser
diferente… mantendo-se igual, como político em tarefa a tempo inteiro e remuneração
igual à que teria se essa não tivesse sido a sua opção… de vida!
&-----&-----&
(...)
E foram tantos e tantas com quem tive algum contacto ou ligação que tinha/tem
a ver com o Partido e a concepção de funcionário…
e por isso (...) me atrevo a dizer
que, como eles, me assumi como funcionário
enquanto em tarefa de eleito parlamentar, em dedicação exclusiva.
&-----&-----&
… em resumo, terei errado em vários momentos de avaliação de outros (e
de mim!) por culpa das circunstâncias…
&-----&-----&
O que sobra da experiência vivida ao vivo foi um ensinamento sobre a
precariedade dos juízos relativamente a outros (e a mim próprio).
&-----&-----&
Faço esta recapitulação porque estamos a ser agredidos porque um funcionário pôs o Partido em
tribunal com a acusação de o ter despedido (!), e essa acção ser patrocinada por um
advogado nosso camarada, como uma questão laboral comum.
&-----&-----&
Para mim não é!, muito longe disso, e muito me entristece que camaradas meus assim a vejam.
(...)
&-----&-----&
(...)
De pecados originais, por
muito originais que sejam, ninguém se livra, o pior é o modo como se transformam em evidências e numa arma para o inimigo, a quem somos nós,
os nossos, que municiamos.
&-----&-----&
O inimigo não precisava destas ajudas…
&-----&-----&
… mas muito as agradece!, e bem as aproveita.
&-----&-----&
É preciso, alto e bom som, responder que, vivendo numa correlação de
forças que nos obriga a con-viver debaixo de conceitos e regras que combatemos, que não aceitamos como nossas, que defendemos e lutamos por outros e outras, para o futuro, para a Humanidade.
&-----&-----&
Que nunca nos posicionando como patrões, cumprimos as regras a que
somos obrigados como se patrões fossemos, e que lamentamos profundamente que
sejam nossos que nos ponham em situações destas.
&-----&-----&
Aliás, há que afirmar que o nosso adversário – ou inimigo de classe – não são os
patrões, que lutamos contra o sistema de relações sociais que os faz, ou permite que sejam, exploradores.
&-----&-----&
Mas, muito mais fundo, não aceitamos que haja quem passe atestados de
democracia, a partir de critérios redutores que escondem a exploração e as
desigualdades e assimetrias decorrentes com o manto do voto para todos, manto roto e/ou manta retalhada pela informação manipulada e manipuladora.
&-----&-----&
Quem quer arvorar-se em juíz ou auto-qualificar-se para registos notariais de atestados
de democracia?, pois nós exigimos discutir qual democracia?, a deles?, a
representativa e/ou a participativa?, a da estatística de votos expressos em
urnas e/ou a que fica à porta da economia, e da informação, e da árvore
genealógica, e do local/região/país/continente de nascimento?
&-----&-----&
Mas, acho também!, que o a reflexão e o debate ideológico têm de nos capacitar internamente, sem receios e com prioridade.
&-----&-----&
Volto e voltarei à questão do partido de massas que, para o ser, tem de
ser um partido de funcionários, de
militantes disponíveis e dispostos à dedicação total… a aprender, aprender,
aprender sempre.
&-----&-----&
E transmitir, e divulgar sempre… mas sempre respeitando os outros, a quem se
transmite e divulga, também aprendendo enquanto se transmite e divulga.
&-----&-----&
Eu sei que estou a divagar, mas a divagar exigentemente comigo próprio,
certo de que muito pouco posso fazer, mas que esse pouco deve ser feito.
4 comentários:
Divagar? Estás a fazer uma reflexão séria e profunda sobre problemas graves
di vagar se vai ao longe!
Completamente de acordo com a reflexão sobre o caso do funcionário.(Só me entristece,por tanto respeito e carinho pelo pai).Bjo
Quero tanto falar contigo, Sérgio....
Beijo.
Enviar um comentário