Apeteceu-me ir buscar, à estante, umas velhinhas Notícias do Bloqueio (de há perto de 50 anos...) e, já agora, reproduzir este poema - datado, datado - do Papiniano Carlos:
CAMINHEMOS SERENOS
Sob as estrelas, sob as bombas,
sob os turvos ódios e injustiças,
no frio corredor de lâminas eriçadas,
no meio do sangue, das lágrimas
caminhemos serenos.
De mãos dadas
através da última das ignomínias,
sob o negro mar das iniquidades
caminhemos seremos
Sob a fúria dos ventos desumanos,
sob a treva e os furacões de fogo
dos que nem com a morte podem vencer-nos
caminhemos serenos.
O que nos leva é indestrutível,
a luz que nos guia connosco vai.
E já que o cárcere é pequeno
para o sonho prisioneiro,
já que o cárcere não basta
para a ave inviolável,
que temer, ó minha querida?:
caminhemos serenos.
No pavor da floresta gelada,
através das torturas, através da morte,
em busca dos país da aurora,
de mãos dadas, querida, de mãos dadas
caminhemos seremos.
Eu escrevi que o poema do Papiniano Carlos era datado?
Pois escrevi. Está bem, confirmo:
09.10.2005
3 comentários:
De mãos dadas, sim, sempre
Aqui estão elas, as mãos!
Aqui estão elas, as patas!
... e o ronronar
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