terça-feira, setembro 21, 2010

Alexandria 6 – CAMINHOS ENTRE CIDADES DENTRO DA CIDADE

Em vez de entrar pela cidade, caminhar pelo seu litoral, pela sua marginal. Ao longo da longa Corniche.
Foi assim o dia de segunda-feira.
De manhã, virar à esquerda e andar pelo passeio do lado do mar. A olhar para para dentro, a apreciar as construções, alguns edifícios ainda imponentes, uma mesquita enorme, a olhar para o mar – para o "porto novo" -, uma larga baia em concha, mas atirando a vista para longe porque, por perto, há muito lixo, daquele que suja os olhos. Até aparecerem pedaços de praia, com gente de cá a aproveitá-los. Homens, rapazes, crianças com as jovens mamãs também a irem ao banho – mas todas vestidas... –, senhoras de mais idade sentadas debaixo de guarda-sóis, vestidas com toda a roupa que o corpo consente.

E, pelo caminho, gatos, muitos gatos, uns, mais felizardos, a receberem a sua ração de carapaus a que deram o nome, que uma outra senhora lhes distribui, decerto diariamente. Depois, um pequeno porto de pesca, já mais perto de onde era o farol e hoje é o forte e um espaço em recuperação. Para turistas.
Mas não nos queríamos perder por ali. Passámos para outras ruas. Do outro lado do istmo, ou da língua que separa os dois portos. Andámos pelas ruas perto do "porto velho", pelo meio de um dia normal, à saída das escolas, à hora de almoço. Sentindo todo o pulsar de uma antiga cidade. E a sua inexorável degradação. Talvez irrecuperável. E tudo tão rico de séculos e como seria tão de lamentar!

No meio do nosso passeio, uma surpresa muito desagradável. Se os miúdos – todos até aí – tinham sido exuberantes de alegria, brincando connosco, pedindo fotografias, duas crianças, talvez por um gesto nosso mal interpretado, assustaram-se, tiveram medo de nós-os-estranhos, choraram, fugiram e refugiaram-se junto de idosos que ali estavam. O incidente ficou por aí, mas escureceu a nossa boa disposição. Logo recuperada porque, mais adiante, outros miúdos nos abordaram, vivos e efusivos, e, sem o saberem, vieram ajudar-nos.
Voltados aos locais de frequência turística, de novo na Corniche, nesta cidade de tantos tempos e de tantas cidades, almoçámos no “rei do peixe”. Que merece o título.
À tarde, fomos para o lado direito da Corniche, voltando a caminhar umas boas quadras – bem menos que de manhã – para ir, de novo, à Biblioteca, ver melhor o que tínhamos visto, e visitar o chamado Museu Sadat. Para regressar, com os pés a pedirem descanso, para um belíssimo pôr de sol com jantar, num terraço de onde comprovámos a beleza dos lugares e a loucura do trânsito nos dois sentidos da Corniche, que envergonharia a 2ª circular em hora de ponta.
E tanto para contar!

4 comentários:

Graciete Rietsch disse...

E tudo tão bem contado.

Beijos.

Anónimo disse...

Contaaa, contaaa!
Beijo, Joana

Maria disse...

Eu achei que tinham ido de férias :))
Tantos posts sobre temas tão diferentes... tu não páras, Sérgio!

Beijos.

GR disse...

Tanto medo dos ocidentais? Qual a razão? Porém, há sempre o reverso como na bonita foto podemos ver.
Como gosto de ler este “Diário de Viagem”
(gatos, muitos gatos? Para a próxima vez o Mounty também vai!)

Bjs,

GR