domingo, fevereiro 06, 2011

Notas sobre o Egipto (ou melhor: Egito, ou melhor ainda: egípcios) - 1ª

O Egipto (ou Egito...) sob observação atenta, empenhada. De quem quer acompanhar o tempo que vive, o contemporâneo, e o de antes, e querendo, nem que seja como o bater de asas de borboleta, contribuir para o tempo depois. E intervenção imperialista, subterrânea, tenebrosa. Com os Estados Unidos e Israel aos comandos...
Num "post" de 28 de Setembro, com que fechava uma série de impressões de viagens, escrevia:
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«(...) Procuro sempre, mesmo quando inadvertidamente, levar a conversa para essas áreas do viver quotidiano e como ele se organiza. Mas, olhado como turista, e não como cidadão viajante/visitante, raro tenho interlocutores. Aliás, desconfio que se não fosse assim também não melhoraria grande coisa...
Salário mínimo, regras laborais, organização sindical, estrutura política? Nada! Ou muito pouco de respostas, e as poucas com algum adivinhado mal-estar. Mesmo depois de um certo à vontade e mútua confiança.
Bem, o mais que consegui “arrancar” foi a ideia de que a sucessão (eleitoral!) de Mubarak pai por Mubarak filho não era bem vista, que incomodava. E alguma (ou muita) reserva quanto a Mubarak, o protagonista da política egípcia há 30 anos.
O facto é que, no avião, consegui – finalmente! – um jornal egípcio em inglês, The Egyptian Gazette, e li coisas interessantes que talvez estejam escritas noutros jornais com outros caracteres. Um artigo de “especialistas” prevê (em título) que “novo parlamento (a eleger, talvez…, em Novembro) não servirá os interesses do povo” porque se manterá a maioria do NPD (Partido Democrático Nacional), e não se tornará mais democrático, e os 88 lugares que eram ocupados pelos “Irmãos Muçulmanos” serão distribuídos por outros partidos sem nada alterar.
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Cairo protesta:

Activistas políticos egípcios protestam

no Cairo, terça-feira,
contra os rumores de que Gamal,
filho do Presidente Mubarak,
lhe sucederia.
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No entanto, o que mais procurava não eram estas informações mas as do sentimento da escassíssima amostra com que contactei, e da pouca que observei. E aí o obstáculo da língua foi enorme, juntamente com o que me faz crer que o inquérito posto no jornal sobre opinião relativamente à posição a tomar pela “oposição egípcia” - i) participar nas eleições; ii) boicotá-las, iii) não me interessa – terá grande maioria com a 3ª resposta.
Este é o problema que mais me (pre)ocupa: o esclarecimento, a tomada de consciência, a posição das populações/massas perante a organização social/económica/política em que vivem. Muito mais em Portugal, evidentemente, mas também no Egipto… ali a multiplicar por 8 como número… mais as ponderáveis ponderações qualitativas. (...)»
segue

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

Mas os americanos dizem que querem Mubarak no poder para fazer a transição!!!!
Que transição? Mais do mesmo?
Como podem eles assumir-se como donos do Mundo?

Um beijo.