Nestas andanças, por vezes saltita-se de tema para tema tanto como se anda de lugar para lugar, do norte para sul, do litoral para o interior.
Sendo, por princípio, um respeitador das leis, mais do que todas respeito a Constituição da República. Ou mais do que todas a desrespeito, com os riscos inerentes (quando acusado de o ter feito), como já foi o caso quando era a de 1933, "plebiscitada" pelo Povo português em 19 de Março de 1933.
Essa Constituição resultou de um projecto elaborado por um grupo de professores de direito formado por Salazar e por ele directamente coordenado. O plebiscito foi realizado em 19 de Março de 1933. Numa população superior a 7 milhões, estavam inscritos como eleitores 1,330 milhões – cerca de 18,5% –, 1,292 milhões “aprovaram o projecto” e 6.039 “reprovaram o mesmo projecto”, houve 666 “votos nulos” e 35.538 eleitores “não intervieram no Plebiscito”, tudo segundo a acta de apuramento publicada no Diário do Governo.Essa Constituição tinha como anexo um Acto Colonial, depois integrado na Constituição na revisão de 1951 (já tinha havido sete revisões entre 1933 e 1951, seis antes da guerra e uma em 1945).
Estudei-a na cadeira de OPAN (Organização Política e Administrativa da Nação) – de que gostei muito –, e sempreestive contra ela, como constituição fascista que era, apesar do verniz com que se cobria a unha suja e ensanguentada.
Por contraste, com o 25 de Abril de 1974, o MFA comprometeu-se que haveria eleições para uma Assembleia Constituinte num prazo de um ano. E, apesar de todas as dificuldades, a 25 de Abril de 1975, houve eleições. Foram as eleições mais concorridas que se realizaram em Portugal. Havia 6.231.372 eleitores inscritos (cerca de 70% da população!), votaram 5.711.829 (92% dos inscritos), tendo-se abstido apenas 519.543. Concorreram 14 partidos e movimentos cívicos.
Foram eleitos 250 deputados, que redigiram e aprovaram a Constituição da República Portuguesa, que tem a data de 2 de Abril de 1976, apenas com os votos contra dos 16 deputados eleitos pelo CDS, isto é, com o voto favorável de 93% dos representantes eleitos do Povo.
Esta a primeira nota, a que acrescento a adenda de que do PCP eram 30 os deputados (12% do total de 250 e menos de 13% dos que votaram a favor da CRP).
5 comentários:
É... quase toda a gente votou a favor. Quase toda a gente tinha programas rumo ao socialismo.
Entretanto, "valores" mais altos se alevantaram...
Abraço.
Entretanto os oportunistas tomaram os seus lugares.
É bom que, a um povo sem memória, se lembrem estas coisas...
Esta constituição merece-nos respeito. Mas os que a votaram e a esqueceram só marecem o nosso desprezo.
Um beijo.
Que bom seria se a nossa Constituição fosse respeitada e cumprida. Seriamos seguramente o País mais evoluído de todos.
Façamo-la cumprir então!
Lembrar a Constituição é não a deixar morrer!
Um abraço,
Jorge
Enviar um comentário