segunda-feira, julho 15, 2013

Estórias de futebol, adaptadas

15.07.2013

Acordei a lembrar-me de duas estórias de futebol…

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I – “Não inventa, não inventa!”

No tempo em que o futebol (o de 1ª divisão) era jogado, em Portugal, por nativos treinados por uns senhores estrangeiros, havia um destes que, ao que eu me lembro, berrava muito nos treinos: “não inventa, não inventa…”.
Queria ele dizer, no seu linguajar, que os por ele treinados não deveriam complicar as coisas, que tinham de aprender a jogar simples, bola recebida, bola passada, quanto muito um driblezito e jogo colectivo.
Porque é que me lembrei dito, hoje, que nativos são os treinadores e os treinados formam equipas que são verdadeiras sociedades das nações, em que a nação menos representada é a portuguesa, e tudo são negócios?
Por causa do Cavaco! Inventou! Tinha três saídas:
  • 1.     Dava posse ao governo PCoelho-PPortas recauchutado, isto é, “siga a dança” mais uns mesitos;
  • 2.     Demitia o governo, isto é, dissolvia a Assembleia da República e marcava eleições;
  • 3.     Não aceitava o governo recauchutado mas adiava eleições, isto é, arranjava uma fórmula de propor à AR um outro 1º ministro e seu governo.

Não tomou nenhuma delas e suas variantes. Inventou. Inventou uma “salvação nacional” escavacada, isto é, embrulhou tudo ainda mais, com gravíssimos prejuízos para a democracia, a verdadeira, aquela que ele não suporta. 
Como sempre às ordens dos mercados...
  
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II – Quando não se é capaz
de colocar a bola a 30/40 metros…

O senhor Cândido de Oliveira era… um senhor. 
Primeiro capitão da primeira selecção nacional de futebol (1921), dos fundadores do Casa Pia Atlético Clube, seleccionador nacional indiscutido, alto funcionário dos Correios… foi preso e enviado para o Tarrafal (1942-1944), acusado de espionagem a favor da Inglaterra, o país aliado de Portugal que, salazarentamente, se aliava, nazi-fascista, ao eixo Alemanha-Itália. Mas não é disto a estória que (me) quero contar, nem da fundação do jornal A Bola, ou da criação da célebre equipa dos “cinco violinos” do Sporting.
A estória é do futebol (ou do que quer que seja) como obra colectiva, é da forma de fazer uma grande equipa de futebol (ou do que for) sem ter grandes jogadores. 
Dizia Mestre Cândido “quando não se tem jogadores que coloquem a bola a 30/40 metros, usa-se o passe curto e a progressão lenta, toma lá-dá cá, com mudanças de velocidade...” *   

Pode servir-se frio, morno ou quente. E na luta de classes… do lado das massas.
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* - em "Económicas", em 1957, usámos esta "táctica" e fomos campeões universitários!

4 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Tal e qual. Pequenos e firmes passos fazem o caminho, principalmente se distribuidos por muitos animados das mesmas intenções. E eu não percebo nada de futebol, de política mesmo,pouco. Mas tenho um enorme ideal.

Um beijo.

samuel disse...

Ele estava mesmo a falar de futebol?! :-) :-) :-)

Abraço.

Sérgio Ribeiro disse...

... são parábolas... ou pára as bolas!

Abreijos

Antuã disse...


Mestre Cândido sabia o que dizia.