Quando o visitamos... sai (quase) sempre um brinde.
(Este quase é o melhor que pode acontecer a todos os que procuramos acertar).
Mas às vezes exagera. Esta é demais. É em cheio no centro do alvo.
E, como fui autorizado (e agradeço!),transcrevo. Como antológico.
Até porque há coisas que também não tolero! Não sei é desenhá-las, nem (d)escrevê-las assim
Quarta-feira, 4 de Dezembro de 2013
O crânio da classe dirigente
Um dirigente nato é um indivíduo
que,
numa conjuntura difícil ou
inesperada,
invoca aos berros o auxílio de
outrem
Rex Stout, in A
caixa vermelha
.
Desde há algum tempo
que me propus ir fazendo uma, tanto quanto possível alegre, iconografia da
classe dirigente lusitana.
Dentro das minhas
limitadas possibilidades tenho vindo a desenhar retratos em forma de caricatura
(esta é uma espécie de retrato resumido ou sintético, portanto parcial,
opinativo) de alguns indivíduos que de certo modo representam essa classe
de pessoas que, “numa conjuntura difícil ou inesperada, invocam aos berros o
auxílio de outrem”.
.
Estes meus retratos
padecem no entanto de uma latente ambiguidade que lhes retira, reconheço, alguma
capacidade de agradar, de se tornarem populares, virais quiçá; como já
referi aqui,
“se repararem bem (de mais
perto), o rosto da classe dirigente portuguesa é, sem tirar nem pôr, o
reflexo invertido (na vertical) da classe portuguesa dirigida. Vejam bem.
A cara de um é o focinho do outro. E vice-versa.” A verdade é que acho
bastante inverosímil que um povo que se deixa representar ou dirigir por vermes
ou por cretinos não nutra uma natural condescendência pela estupidez e uma
assinalável imunidade à repugnância.
.
O
“contemplado” de hoje não é apenas um “rosto”. É um cérebro. Um crânio (o homem
é só cabeça, vi-me fodido para lhe captar os traços - andei três dias a fazer
este desenho). Um ideólogo. Um filósofo. Vítor Bento é um
especialista em finanças doutorado em filosofia. Não se trata portanto de um
“dirigente” qualquer.
Há tempos o Banco de
Portugal promoveu-o mesmo sem ele lá trabalhar havia oito anos. Não é para
qualquer um. O homem tem sei lá, convenhamos, um jenesécoá. E é conselheiro
de estado. Do estado a que isto chegou. Mas não é um conselheiro qualquer.
Ele é o conselheiro suplente do desinfeliz Dias Loureiro e - tal como o
titular, também foi escolhido a dedo pelo “pguesidente da república”
para, digamos assim, o aconselhar.
Vítor Bento é o género de
dirigente nato que, na conjuntura difícil que o país atravessa, invoca o
auxílio de outrem - invariavelmente da classe dirigida, pois então. Ele acha que
os portugueses mais pobres devem trabalhar mais. E receber menos. E pagar mais
impostos. E ter menos direitos sociais. Para, “num esforço nacional
ultrapassarmos juntos este momento difícil”. Por isso aconselhou o
pguesidente a promulgar dois orçamentos gerais do estado
inconstitucionais, a abençoar a privataria em curso por terra, mar e ar e a
apoiar, a pés juntos e mãos ambas, a governança da firma Passos & Portas,
SA. E mais, ele diz que não existe alternativa credível pois ele acha
(tiens, eu também) que mesmo que o partido sucialista fosse
eleito, governaria mais ou menos tal e qual. Porque assim o exigem os
deuses, perdão, os mercados.
.
Ainda estou para saber
porque raio é que tão douto conselheiro não propôs já, em sede de conselho de
estado já agora, que eles (os partidos do arco da governação) se
reunissem num só partido a que pudessem até, porque não, chamar ÚNICO; e usar
como símbolo, sei lá, uma couve. De bruxelas. Ou uma salsicha. Alemã claro, uma
bratwurst. Ou então ambas, uma couve e uma salsicha. Parece que já o
estou a ver - o partido da couve e da salsicha. A cor podia ser um cor-de-rosa
alaranjado. Às bolinhas amarelas.
Em todo o caso, aqui
fica a ideia. É grátis.
.
Ora, não
tem nada que agradecer. Não me peçam é que também conceba o logótipo. Isso
são outros quinhentos.
É que, ao contrário da
maioria dos portugueses, há coisas que não tolero. Invariavelmente são as que me
repugnam.
ositiodosdesenhos
.
1 comentário:
muito bom!
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