quarta-feira, dezembro 04, 2013

Só para lembrar (e neste ano de 2013)

Torna-se evidente, no nosso quotidiano local, que a questão do Estado é a questão central. Da revolução como caminho da História, mas também da contra-revolução como marcha-atrás na História. História que não se pode encarar (ou medir) em dias, anos, décadas, mas apenas em séculos e milénios. Lenine escreveu O Estado e a Revolução, em 1917, Álvaro Cunhal, em 1967, lembrando-o cinquentenariamente, A questão do Estado, questão central de cada revolução.
Hoje, em Portugal, quando, por exemplo, se privatizam as redes nacionais da distribuição da electricidade, se privatiza o serviço público dos correios, como sendo meras operações financeiras e se argumenta com o papel regulador do Estado, regulação a ser comandada pelos privados e privatizantes, é necessário, é indispensável!, "rever a matéria dada", estudar a sua adequação à realidade coeva, impedir que a areia prejudique a visão do futuro.
Este pequeno extracto, retirado da edição, neste ano de centenário, do Tomo IV das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal, muito nos pode ajudar.

(...)

1.

A teoria marxista da luta de classes permite explicar a origem e a natureza do Estado e os seus diversos tipos e formas.
Marx descobriu e demonstrou que o Estado é um poder que nasce da sociedade numa fase determinada do seu desenvolvimento, como resultado da divisão em classes e do antagonismo irreconciliável das classes, como necessidade do recurso à coacção por uma minoria exploradora para manter a exploração da maioria.
O Estado é uma «organização especial do poder», «um poder especial de repressão», «a organização da violência», um aparelho militar e burocrático constituído especialmente pelas forças armadas, pela polícia, pelos tribunais, pelos órgãos legislativos e executivos, pelo funcionalismo. Aparentemente acima da sociedade e das classes, o Estado é na realidade um instrumento de dominação e opressão de uma classe sobre outras classes.
A correcta compreensão da natureza do Estado é essencial para toda a acção revolucionária do proletariado, particularmente quando se coloca na ordem do dia a conquista do poder.
Marx descobriu que a luta de classes, que se trava na sociedade capitalista, conduz necessariamente à revolução da classe operária, à conquista do poder político pelo proletariado, a um novo Estado definido no Manifesto Comunista como «do proletariado organizado como classe dominante».(4)
Esta é a conclusão fundamental da teoria marxista da luta de classes. Não podem pretender ser marxistas aqueles que a rejeitam. Falando da sua teoria da luta de classes, Marx lembrava que não lhe cabia a ele o mérito, nem de ter descoberto a existência das classes, nem de ter descoberto a luta de classes.
(...)

2 comentários:

Olinda disse...

E um Partido Marxista,ê sempre um Partido de classe,nem poderia ser outra coisa.A construcao de uma sociedade mais justa,nunca poderâ ser pela governacao de um Partido burguës.

Um beijo

Graciete Rietsch disse...

Um estado socialista terá que resultar necessariamente de uma luta entre oprimidos e opressores, portanto de uma luta de classes. Mas enquanto os oprimidos, a maioria das pessoas, não tomar consciência desse facto, será preciso uma luta muito dura e uma organização partidária que, auscultando o POVO,lutará com ele para lhe conferir esse poder.

Um beijo.