sábado, fevereiro 08, 2014

"O Partido Comunista Português, os católicos e a Igreja" em Fátima

A sessão pública organizada pela Direcção da Organização Regional de Santarém e a Comissão Concelhia de Ourém do PCP - O Partido Comunista Português, os católicos e a Igreja -, que se realizou ontem em Fátima, correu muito bem.



Entre as 21.30 e quase a 1 da manhã... conversou-se. Depois de quatro intervenções de abertura, sempre com possibilidade de intervenção dos presentes que enchiam a sala do Hotel Cinquentenário, abriu-se um período de debate que se prolongou até para além do possível horário, em que se conversou animada e seriamente de cada um de nós, de todos nós e dos nossos problemas - que de todos são. 
Guardo, de muitas outras de que me poderia servir e enchem pedaços de papel, uma nota enquanto falava Edgar Silva a religião não é uma filosofia, o marxismo não é uma fé, e a ideia central que, como o escreveu Álvaro Cunhal, é mais o que une católicos e comunistas do que o que os separa, sendo natural que se unam numa opção de classe. 
Foram umas horas bem aproveitadas! Talvez não seja a pessoa indicada para a avaliação da sessão - que cada um faça a sua - porque, além da participar na organização, tive a tarefa de fazer de moderador, para o que li inicialmente umas notas que reproduzo:
  • agradecer as presenças
  • em nome da DORSA e da CCO, agradecer as facilidades e as condições de cedência da sala do Hotel Cinquentenário
  • apresentar a mesa e a satisfação por o fazer
  • relevar o significado desta iniciativa aqui, em Fátima 
  • não é a primeira - Braga e Sesimbra - mas tem, e não só para a CCOurém, particular significado
  • este tema também não é novo para o PCP
  • ler curto trecho de Álvaro Cunhal, de 1947 - de documento com o mesmo título da sessão - que termina Católicos, unamo-nos (contra o fascismo, pela liberdade e democracia)
  • não conseguimos, então, derrubar o fascismo, vieram os anos 50, os anos 60 - a guerra colonial e a emigração - até ao 25 de Abril
  • a título pessoal, e sem intenção de fazer uma intervenção, testemunho a luta pela paz e cooperação europeias nos anos 70 (a Europa na mão dos povos) em que tanto trabalhei com católicos pela justiça e pela paz.
  • e muito mais diria, mas apenas quero afirmar a minha convicção de que não nasce comunista  como não se nasce qualquer outra coisa a não ser humano... são as circunstâncias que nos fazem diferentes.
  • somos iguais no ataque que sofremos aos direitos de quem trabalha, no desemprego, na emigração, na diminuição dos direitos sociais, na redução das pensões que nos são devidas, no ataque ao "Estado social".
  • não vamos, agora, discutir teologia e marxismo, vamos lutar juntos. 
    

5 comentários:

Anónimo disse...

Tenho pena de não poder comentar o que tão bem dizes. Isto porque o que bem dizes, bem dito, o que pode caber neste espaço em que se bem diz, não chega para demonstrar o que se passou, o que se disse, o que se aprendeu e, sobretudo, o reconhecimento de que muito mais haveria para dizer, para aprender e para mais gente chamar a este tema "tabu" (não é o termo certo mas remedeia!).
Estiveram católicos que colaboram com comunistas, comunistas que colaboram com católicos, católicos que se afirmam comunistas, comunistas que se afirmam católicos. Não estiveram, como é natural, católicos que não toleram comunistas. Não falaram, como era devido, comunistas que não toleram católicos. Mas no fim pairou-me a ideia de que esta ideia não tinha razão para ser discutida: os católicos praticantes e os comunistas praticantes saberão, melhor que ninguém, que têm o dever de dar as mãos.
Não tenho pena dos que os intolerantes - não digo dum e o outro lado porque de lados diferentes não se trata mas apenas de limar certas arestas - não tenham estado presentes. Tenho apenas pena daqueles que não estiveram presentes porque, vendo dois lados, acabam em nenhures com medo das arestas que só eles podem limar.
Desculpa lá não comentar.
Luís Neves
Anónimo, presente, culturalmente católico, comunista em construção, viva o papa, viva a loc, o pcp e a revolução.

GR disse...

Já vi as fotos, gostei.
É para mim um dos temas mais difíceis de abordar. Naturalmente se estivesse perto estaria presente.

Mas como muito bem dizes: " não vamos, agora, discutir teologia e marxismo, vamos lutar juntos".

Gd Bj,

GR

Justine disse...

Foi uma esclarecedora e muito útil sessão!

Olinda disse...

De certeza que foi uma sessao muito rica para todos os presentes,e esclarecedora para alguns.Tive uma educacao catôlica,e ä medida que fui crescendo e aprendendo,fui pondo em causa muitas questoes.ê-me muito dîficil,crer num Deus que come ä mesa com uns e deixa morrer de fome outros.Contudo,sempre respeitei e respeito quem acredita .Gosto dos valores Cristaos,e postos ao servico do povo,tem contribuido para melhorar as suas vidas.Tem sido assim,sobretudo na Amêrica Latina.

Ana disse...

Infelizmente de tudo o que Marx escreve o que ficou e é propagandeado pelas poderosas forças adversas é;"(...) a religião é o ópio do povo (...)". Omitem o resto e enchem a cabeça e incutem medo aos menos esclarecidos.
A realização de sessões de esclarecimento sobre variados temas deve ser encarada como uma prioridade. Desempoeirar as cabeças, é preciso!
É uma notícia bem-vinda saber que foi realizada mais uma destas sessões.