quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Cratinice?... ou cratofobia?!

Quando, ontem, ao correr dos quilómetros ao volante, a comunicação radiofónica me trouxe, naqueles noticiários que se sucedem hora a hora, com resumos de meia em meia, a novidade do senhor ministro da educação ter dito que os nossos sindicatos são soviéticos, no final de um qualquer almoço inter-pares internacionais, a minha primeira reacção foi de surpresa (ainda me surpreendo…) mas logo pensei que o almoço fora bem regado e que fora deslize pós-prandial justificando o adágio latim in vino veritas.
Mas não. Pelo menos, a voz que comprovava a notícia não dava mostras de entaramelamento e o controlo ia ao ponto de atenuar o dislate com um “quase” sumido e cauteloso.

Sem que eu o quisesse, ficou a circular dentro de mim a notícia, aliás repetida. E para além da viagem. 
Seria dislate?, seria cratinice?, seria este o arquivo adequado para tal qualificação ministerial? 
Esta manhã, antes de me lançar ao trabalho, sinto necessidade de “arrumar a questão”.
 O anátema em si mesmo nem tem que se lhe diga, na sua etimologia (ou histologia), mas sim a intenção e o que revela. Aqueles que o poder (financeiro, transnacional) encarrega da gestão da “coisa pública”, com ares de democracia, coloca na administração dos "negócios do Estado" – na educação, na saúde, na cultura, nas estatísticas a tornar conhecidas e como – são os serventuários da classe. Atacando tudo o que defenda a outra classe e todos os trabalhadores. Por todos os lados segundo as circunstâncias. Pela direita e pela esquerda.

Aliás, no caso de Crato o seu currículo assim o demonstra. Quando foi tempo disso, foi esquerdista e acérrimo inimigo do reformismo não suficientemente revolucionário, agora, com a auréola de grande cabeça, chefia as hostes na educação contra o sovietismo sindical. E, como está ligado às escolas, mostra que não desaprendeu o que a velha escola fascista lhe ensinou:: quando, do outro lado, há quem discorde e lute,com coerência e determinação, coloca-se-lhe a etiqueta (ou a estrela de cartão vermelho) de comunista, de bolchevique, de soviético, e fica tudo explicado porque assim se identifica o mafarrico, o que há que esmagar. Porque é o espectro que assusta, porque é o que as gentes têm de considerar como o Mal, porque é o que é preciso combater para que o Bem (os bens apropriados!) esteja defendido.  

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

O Crato, assim como muitos outros, fez o percurso lógico do esquerdismo, tal como já tinha sido indicado por Lenine e Álvaro Cunhal.

Um beijo.

Jose.manangao@ sapo.pt disse...

Os sindicatos não são soviéticos...o ministro é que é fascista!

Anónimo disse...

Os ministros e seu chefe deixam-nos de boca aberta cada vez que falam. Acho que os portugueses estão todos em sossego porque ainda não conseguiram perceber o que lhes está a acontecer - sindicatos soviéticos, Mirós vendidos á socapa, Constituição «para o galheiro»...
Um destes dias fechamos a boca e vamos solucionar-nos