domingo, fevereiro 02, 2014

"dias de agora", emergentes e emergências

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Nos últimos dias da semana (e do mês) tropecei em notícias diversas de várias origens ou, talvez!..., numa única notícia de uma única origem com várias glosas.

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No diário Económico, o destaque é “crise nos países emergentes”, e o título do artigo que o justificaria é “moedas dos emergentes afundam e Europa tenta acalmar mercados” e “traduz” e adapta informações e artigos que noutras partes vim a encontrar, no Financial Times e no The Economist e noutros lados.   

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Ora a “raíz” da notícia e dos artigos é a queda cambial do peso argentino e, em segundo plano, a da lira turca, que fizeram os “mercados europeus” registar perdas significativas, e levando a muito se falar de “risco de contágio”.

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De onde, as parangonas falsificam a informação a começar por aquela expressão falaciosas de que “a Europa tenta acalmar mercados”…  

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… como se a Europa existisse como… um mercado dos mercados!, e não fosse ela (e os EUA) a contaminadora.

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Além disso, a designação de “países emergentes” tem servido para identificar um grupo de 4 países (BRIC - Brasil, Rússia, India e China), por vezes alargado a um 5º (a República da África do Sul) e a inclusão da Argentina e da Turquia nunca foi sequer sugerida.

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O artigo no DE é ilustrado (além da habitual fotografia do sr. Ohli Rehn) com uns gráficos em que, mantendo-se a confusão, se pode, no entanto, algo fazer para a deslindar, recortando o destaque dado aos números relativos à Argentina.

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Dessa ilustração pode tirar-se que os 4 BRIC têm uma população de
China                   1.354 milhões
Índia                    1.223
Brasil                      198
Rússia                    142
num total de        2.917
ou seja, cerca de 3 mil milhões contra os cerca de 51 milhões da população da Argentina!  

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 Quanto às previsões de crescimento do PIB, estimadas nessas informações, elas são de
crescimento previsto PIB
2013
2014
2015
Economias emergentes


4,7%
5,1%
5,4%
Rússia


1,5%
2,0%
2,5%
China


7,7%
7,5%
7,3%
Brasil


2,3%
2,3%
2,8%
Índia


4,4%
5,4%
6,4%


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Ora aqui está um tipo de contágio que seria desejável encontrar nas “economias europeias”, particularmente nas periféricas de que a dinâmica financeira (os “mercados”) do capitalismo destruiu a capacidade produtiva, que não as potencialidades dos recursos.

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Há que lutar por uma economia que não se baseie, materialmente, na exploração do tempo de trabalho dos recursos humanos, e que não especule com os instrumentos financeiros que foram sendo criados (e “inventados”) para acumular capital na sua forma material ou do que a ele dê acesso, concentrando-o e centralizando-o,.   

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Mas isto são reflexões para um “diário”, ou melhor: para os “dias de agora”.

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Reflexões que todos os dias vou fazendo, sem que as passe todas “a limpo”, todos os dias.

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 Amanhã haverá mais, e estas vou publicar.  

3 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Boa malha!

Graciete Rietsch disse...

Obrigada pela excelente análise e respetivas conclusões.

Um beijo.

Anónimo disse...

É bom ir explicando estas coisas para podermos compreender melhor a economia.
A África do Sul é membro de pleno direito embora a adesão tenha merecido muitas cautelas dos restantes 4 membros que viam com receio que certas tradições politicas não se enquadrassem na perspectiva geral.
Esse receio está ultrapassado e os BRICS representam um território de 40 milhões de quilómetros quadrados, com uma população de 3 biliões e 3 milhões, com um PIB de 13.842.050 milhões e mais coisas.
Penso que a URSS está a dar a volta por cima e com uma dinâmica nunca vista.
Um exemplo da dinâmica foi o Brasil ter comprado à SAAB, sueca, caças militares mas a SAAB é chinesa e depois deste negócio vai começar a produzir em exclusivo para a China.
Tanta coisa em movimento a começar cá dentro do burgo.