Pois Passos Coelho, com aquele seu ar de quem não sabe o que diz mas tem que dizer, disse:
"Hoje o custo do trabalho para as empresas ainda é muito elevado", e logo acrescentou para que ficasse claro: "Essa foi talvez a única importante reforma que não conseguimos completar durante estes quatro anos. Mas será um objetivo seguramente importante para cumprir nos próximos anos.". E só não disse "cumpra-o eu, ou faça-o outro no meu lugar... como o António, por exemplo", para não agourar e não falar em legislativas ou poder, sequer, lembrá-las.
Esta peroração tem sido glosada em vários registos. Porque, sem saber que o fazia, Passos Coelho foi esclarecedor em termos ideológicos. Foi uma clara afirmação de classe!
O custo do trabalho é sobretudo, para além de outras coisas como a taxa social que as empresas pagam, o preço da força de trabalho. Ora esse custo é um verso de que há um reverso, que é um rendimento. O custo de um salário é o rendimento de um assalariado. Pelo que, quanto mais se consiga diminuir o custo, mais se consente diminuir o rendimento.
Para não avançar - aqui - muito mais, apenas ainda deixaria dito que é dessa unidade dialéctica custo/rendimento que nasce a exploração e o lucro, com o constrangimento decorrente de, ao diminuir o rendimento, mais escassear aquilo com que se compram os melões (e se tem acesso a tudo o que se satisfaz as necessidades emergentes), e torna irrealizável o lucro apropriado por quem tem de vender melões para o materializar.
Baixar o custo do trabalho é uma metáfora (esta palavra pode ter duras conotações sonoras apropriadas...), que se traduz por baixar salários ou rendimentos de quem trabalha ou trabalhou.
Claro que há muitas questões conexas... mas apenas se pretende deixar um "post" num "blog", quiçá ponte.
2 comentários:
Ponte serás, informação alternativa és, "serviço público" é-lo certamente!
Justamente,Justine!
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