domingo, janeiro 22, 2017

O mundo está cada vez mais perigoso

Por vezes, o silêncio impõe-se-nos (será  isso que nos vai acontecer com o filme de Scorcese?). É a reacção aos excessos de mundo às avessas em que comunicação vai sendo pródiga... e barulhenta. Avassaladora (avacalhadora?). Por morte adiada e cerimónias exéquias de uma figura pública, por crises futebolísticas até à histeria, por tomadas de posse de poses e falas espúrias a provocarem espectaculares manifestações de malmequeres (muito, pouco ou nada), algumas quiçá solertes.
Tudo parece de pernas para o ar, e a exigir silêncio inhabitual e pausa de escola, como  a que calorosa amizade nos colocou nas mãos, a lembrar Galeano (e outros) na colecção nosso mundo da editora caminho.

Bem oportuna lembrança para este domingo, em que mal acordámos (porque assim adormecemos num final de sábado) com a leitura de que "o mundo está hoje muito mais perigoso"... porque a Casa Branca de Washington teria um novo (e desastrado) morador em resultado da aplicação estrita das regras de cidadania dos Estados Unidos da América.
E temos dificuldade em começar o dia, e outros trabalhos e tarefas, sem uma paragem no (relativo) silêncio que nos impusemos, sem uma afirmação peremptória:
Não foi o mundo que ficou mais perigoso por os cidadãos estado-unidense terem aquele presidente, foi por o mundo estar cada vez mais perigoso que os Estados Unidos têm um presidente como aquele. 
Não se valorize tanto o homem, demonizando-o, tome-se consciência do que está antes e por detrás dele, e como ele é um mero reflexo de insanáveis e contraditórias contradições (redundância voluntária...) de um sistema de relações sociais, que está nas nossas mãos superar. E que assim será, com custos humanitários agravados pelo tempo de sobrevivência. 



    

3 comentários:

Justine disse...

Muito bem observado e muito bem explicado!

João Baranda disse...

E eu também concordo ... é só espuma e folclore nos noticiários ... não se discute o que interessa ...
E pergunto: o operário da classe média / baixa das siderurgias da grande Pitsburgo, e que ficou desempregado com a concorrência de países de muito baixos salários, teve ou não motivos para votar no Trump? Globalização? Boa ou má? ... Se calhar dependerá da perspetiva do observador ... para a classe média / baixa da China e Índia ... julgo ter sido boa ... por outro lado se as grandes empresas mundiais paguem-se os impostos devidos ... os estados ficariam em posição de ajudar melhor os seus concidadãos mais fragilizados ... agora acho difícil é inverter o sistema de relações sociais ... os homens não são todos generosos como o Sérgio ...

João Baranda disse...

errata- "pagassem" em vez de "paguem-se"