(continuação) Do outro lado, no que era campo aberto, ou do que me lembro como tal, está agora uma vinha. Mas para mim é o campo largo e aberto onde os franceses levaram a saraivada de chuva de pedras que S.Sebastião lhes atirou, estando por saber se antes se depois de terem destruído a capela… de onde vamos a caminho. Há quem tenha outra versão, mais científica, se científica é, de que as tais pedras são a prova de que este campo já esteve submerso.
Afastamo-nos da Terra Fria e subimos como se fossemos para as Silveiras e o pequeno pinhal que nos separa dos Castelos. Para nele caçarem, lembro-me que vinham amigos do meu pai, em fins-de-semana, quando estes eram ingleses por isso curtos, a começarem à uma da tarde de sábado, e muito mais do dobro do tempo se demorava a chegar de Lisboa porque os carros andavam pouco e, mesmo que mais pudessem andar, as estradas não deixavam correr. Mas por ali havia coelhos e perdizes que, quando hoje se vêm, são um espanto.
Chegados ao cimo do caminho agora aberto, viramos à esquerda e descemos para as cercanias da capela onde antes havia um lagar e onde, hoje, um cãozarrão nos ladra irritado. Não lhe ligamos. O que nos morde é o espectáculo de carros abandonados tão perto do que poderia – e deveria! – ser um lugar para encontros e recordações. São já três as carcassas de ferro e vidro, e uma apanhámos com a capela em fundo.
Esta é a parte do percurso que agride. Se a chaparia agride a natureza, maior é a agressão à natureza e à história na velha ponte que a brincar se dizia romana mas que medieval seria e calçada antiga tinha, destruíram muretes, cobriram a calçada com alcatrão, colocaram uns corrimões amarelos a proteger os passantes (proibida a passagem a camiões!). Um crime!
(continua e acaba... este itinerário)
4 comentários:
Isto é o que se pode chamar uma intervenção ambiental inteligente feita por gente culta!
Eu diria, uma intervenção feita por gente com diarreia cerebral!
Vocês os dois estão de acordo, cada um com a sua ironia.
A cultura dessa gente é diarreica.
Nem sei como agradecer a vossa benevolência!
É que, estava eu a passar este episódio 5 do itinerário 1 para ver se havia mais comentários, caem-me os olhos numa gralha para que os meus caros leitores (e alguns tenho), com muita generosidade, não quiseram chamar-me a atenção... talvez por pensarem que era erro e não gralha.
Mas - palavra de honra - foi mesmo gralha! Então não havia de saber a diferença entre "vêm" do verbo vir e "vêem" do verbo ver?! E se as perdizes e, sobretudo, os coelhos "se vêm" de forma e com rapidez tal que suscita conotações e anedotas, já quando "se vêem" por aquelas paragens é que provocam surpresa tão raros são.
Acontece cada uma quando se escreve a correr!
(Vou cuidadosamente reler o que escrevi neste comentário para que, desta vez, não me venha (!) a arrepender de alguma gralha com sentidos duplos ou dúbios)
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