domingo, novembro 04, 2012

Conversar sobre... estas coisas

Questão prévia: há que reforçar a consistência ideológica, a base teórica. O que não quer dizer hierarquizar teoria e prática, substituir esta (ou tempos de esta) por leitura, reflexão, debate, polémica até. Têm de andar a par (a-par-e-passo). A consistência ideológica reforça-se (também, e muito) na prática, na luta colectiva. Na organização!
Chover no molhado? Talvez... Pois que chova.
Confesso ter, por vezes, cosciência de algumas dificuldades em me fazer compreender, na capacidade de transmitir o que queria, como queria, a quem quero. Mas fico animado quando um texto ou uma fala desperta debate, provoca reacções. Assim aconteceu num "post" aqui colocado há uns dias no fecho de uma série de "reflexões lentas".
Ao reler os comentários, acrescentei, dias passados, mais um comentário que talvez se perdesse se não o reproduzisse aqui. Quero aproveitá-lo: 

«Ao reler estes comentários (aprender, aprender sempre...) há um pormenor histórico que importa relevar.

O sistema monetário internacional prevalecente no século XX passou do padrão ouro com predomínio da libra, moeda quase internacional, para o padrão ouro-dolar (convertível), para - a partir de Agosto de 1971 - "coisa nenhuma", com o dolar inconvertível e "apalpações" e abertura de caminhos como o "écu" e, depois com a deriva liberal-monetarista de 79-80, com os "mercados/capital financeiro" em demencial progresso, e o facto NOVO da predominância crescente do capital-dinheiro fictício e creditício. Que não é novidade, que Marx abordou embora como "memória futura", mas que é NOVO na sua relevância e fenómeno de desmaterialização e "corte" e deconexão clara entre os circuitos real e monetário.

Ao "correr da pena", e com o gosto de estar a conversar sobre... estas coisas. Nunca enconchar!

Abraços»

1 comentário:

Eduardo Baptista disse...

Sérgio
Como sempre, levantas questões que creio serem de grande importância. Esta situação política está desmascarada. Contudo persistem insuficiências graves na consciência politica da generalidade das pessoas.
Por isso também me parece que, como dizes, "há que reforçar a consistência ideológica, a base teórica". Sem dúvida "O que não quer dizer hierarquizar teoria e prática".
Também por isso creio que "o debate de ideias" o combate aos paradigmas e preconceitos, deve acompanhar a crítica a esta política. Apontar "os porquês" os interesses em jogo, os interesses de classe, sobretudo dar pistas para que as pessoas pensem e se libertem das ideias feitas e da "cultura" e valores instilados por muitas décadas de conservadorismo, de reacionarismo.
Também eu "Confesso ter, por vezes, cosciência de algumas dificuldades em me fazer compreender, na capacidade de transmitir o que queria, como queria, a quem quero". Isso tem sido uma constante no meu blog. Contudo há algumas decisões que tomei e creio que devem ser consideradas nas mensagens que transmitirmos. Compreender as "barreiras" à comunicação, formas de despertar o interesse na leitura das mensagens (escritas) e criar a empatia necessária ao esforço do receptor para seguir o raciocínio e compreender a pedagogia que se pretende. Para minha facilidade, no meu blog, optei pela simplicidade, embora por vezes possa tocar o simplismo. Daí a importância dos debates que não fazemos (e deveríamos fazer) sobre as formas e conteúdos da comunicação de agora.
Abraço