segunda-feira, fevereiro 24, 2014

A situação na Ucrânia, o que não se diz, o que não se mostra

Mensagem do Primeiro Secretário do Comité Central do Partido Comunista da Ucrânia aos camaradas do Partido
 23 de Fevereiro de 2014

Caros camaradas comunistas!
Dirijo-me a vós num dos momentos mais dramáticos da história do nosso país. Durante os trágicos acontecimentos dos últimos três meses foi derramado sangue, morreram pessoas. Foi ameaçada a integridade territorial da Ucrânia e a sua própria existência como Estado unificado, independente, soberano.
Estes acontecimentos não têm um carácter unívoco. A participação neles de grandes massas de pessoas reflecte o profundo descontentamento na sociedade com o regime político de Yanukovitch e do seu círculo, que governou o país de forma inepta, enganando as pessoas, abandonando as suas promessas de campanha, e em momentos difíceis abandonando cobardemente o seu posto. O clã que se formou em torno de Yanukovith, que recebeu a designação de “Família” e que se enriqueceu de forma desavergonhada, afastou de si a maioria dos seus adeptos e eleitores.
Mas os protestos de massas não adquiriram o carácter de um confronto de classes. Ocorreu uma batalha feroz entre duas faces da mesma classe dos exploradores - a burguesia oligárquica -, das quais a mais organizada e preparada se revelou o agrupamento que juntou as forças pró-ocidentais, nacionalistas e radicais de direita. Estas forças utilizaram habilmente o descontentamento das pessoas e com o seu apoio realizaram um golpe de Estado .
Ao mesmo tempo, o Ocidente, ingerindo-se de forma aberta e sem cerimónia nos assuntos internos do nosso país, apoiou as acções das forças radicais de direita, na medida em que elas visam uma séria mudança na situação geopolítica na Europa e no mundo, a destruição dos seculares laços económicos, culturais e espirituais entre os povos ucraniano e russo, e os outros povos irmãos da antiga União Soviética, e entregam a Ucrânia ao protectorado dos EUA, da UE, da NATO, do Fundo Monetário Internacional e de diferentes empresas transnacionais.
As acções dos radicais de direita, liderados por forças abertamente neonazistas alimentadas pelo regime de Yanukovitch - herdeiros ideológicos dos ocupantes hitlerianos - são acompanhadas por uma nova e extremamente perigosa vaga de histeria anticomunista, pela destruição em toda a parte dos monumentos a Lenine e aos heróis da Grande Guerra Patriótica, por ataques banditescos às instalações do nosso Partido em Kíev e outras cidades do país, pelo terror moral e físico contra os comunistas, pela exigência da proibição da actividade do Partido Comunista da Ucrânia.
Tudo isso testemunha que estas forças que tomaram o poder podem recorrer a quaisquer acções ilegais, não se detendo perante a repressão não só dos funcionários do partido mas também dos comunistas de base.
É preciso estar prontos para isso.
Nas circunstâncias que se criaram, a nossa tarefa mais importante é manter a estrutura e os quadros do partido, é estar vigilantes, é não sucumbir às provocações.
É importante aproveitar todas as oportunidades para esclarecer os trabalhadores sobre a natureza do golpe ocorrido e o perigo das suas consequências para os cidadãos comuns: uma acentuada deterioração da economia, o aumento do desemprego e dos atrasos no pagamento dos salários e pensões, o aumento dos preços e tarifas, uma criminalidade desenfreada, um ainda maior empobrecimento do povo.
A direcção do Partido e o nosso grupo parlamentar na Rada Suprema da Ucrânia farão todo o possível nestas dificílimas condições para defender os interesses dos trabalhadores, salvaguardar o Partido, preservar a integridade da Ucrânia.

Caros Camaradas!
Perante o Partido, perante cada um de nós, erguem-se novas e duras provações. Reforcemos as nossas fileiras, multipliquemos os esforços na luta pela nossa justa causa: o socialismo!
 Piotr Simonenko,
Primeiro-Secretário do Comité  Central do Partido Comunista da Ucrânia, presidente do grupo parlamentar comunista na Rada Suprema da Ucrânia
--

_________________________________________________
Neonazis ucranianos assaltam uma sede do Partido Comunista da Ucrânia



Estas imagens impressionam
... e lembram outras que vivemos,
aqui, há 39 anos!
A luta continua!

5 comentários:

Olinda disse...

Fez-me bem,ler a comunicacao de Piotr Simonenko.A situacao polîtica,em todo o mundo,estâ muito preocupante.Este fim de semana,vi e ouvi, um pouco mais do que habitualmente,televisao,o que me pös verdadeiramente enervada.Comeco a sentir ôdio aos jornalistas.Ê uma classe muito perversa.Saberao os povos tornar este mundo possîvel?

Um beijo


Anónimo disse...

Estranho, mas então não era o Partido Comunista aliado do partido de Yanukovitch? Cada um deita-se na cama que faz.

Antuã disse...


Os nazis estão em todo o lado desde Washington a Bruxelas.

Graciete Rietsch disse...

Gostei desta mensagem pois, não desvalorizando a responsabilidade de Yanukovith no descontentamento do Povo,mostra como forças bem organizadas de cariz nazi, bem apoiadas pelos seus aliados ocidentais, souberam utilizar esse descontentamento numa batalha feroz
pela implantação de um regime que lhes fosse favorável.
O Partido Comunista da Ucrânia tem uma grande tarefa em mãos. O povo ucraniano não pode esquecer o seu passado.
E o video recorda-nos momentos bem tristes da nossa jovem democracia que hoje, também, se encontra tão ameaçada.

Um beijo.

GR disse...

Antuã disse: - Os nazis estão em todo o lado desde Washington a Bruxelas.
Tem toda a razão.

Bjs,

GR