Se deviam estar todos presos –
e a maioria dos portugueses pensa que sim – porque é que não estão?
Deviam estar todos presos
Até agora considerava-se que,
entre todos os bancos portugueses que tiveram problemas, só o BPN era
verdadeiramente um caso de polícia. Mas à medida que se conhecem mais
pormenores sobre o que se passou nos últimos meses no BES cada vez temos mais a
certeza que estamos perante um segundo caso de polícia. Daí a pergunta: porque
é que não estão todos presos?
Se não, vejamos. Depois de ter
sido proibido pelo Banco de Portugal de continuar a conceder novos créditos ao
Grupo Espírito Santo a partir de Janeiro deste ano, o BES continuou a fazê-lo -
e, segundo as indicações, fê-lo no montante de 1,2 mil milhões de euros. E das
duas uma: ou fê-lo com conhecimento de toda a administração, que sabia da
proibição do Banco de Portugal; ou fê-lo por decisão de apenas duas pessoas -
Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires.
No primeiro caso, todos deviam
estar já presos; no segundo, os dois deviam estar detidos. Para além de
desobedecerem ao banco central, lesaram gravemente o património do banco,
sabendo conscientemente que o estavam a fazer.
Quanto aos outros membros do
conselho de administração, se não foram coniventes, foram pelo menos
incompetentes. Tinham responsabilidades em várias áreas de controlo da
actividade do banco e ou não deram por nada ou, se deram, não fizeram nada. Por
isso, fez muito bem o Banco de Portugal em afastar Joaquim Goes, António Souto
e Rui Silveira.
Mas e a Tranquilidade? A
Tranquilidade que também continuou a investir em empresas do GES este ano
sabendo do estado em que se encontravam? O presidente executivo Pedro Brito e
Cunha, que é primo de Ricardo Salgado, tomou essas decisões com base em quê? Na
relação familiar, como é óbvio. Devia estar detido igualmente.
Lesou gravemente e de forma
consciente o património da seguradora. E Rui Leão Martinho, o presidente não
executivo da Tranquilidade e ex-presidente do Instituto de Seguros de Portugal,
não sabia de nada?
De novo, das duas uma: ou é
incompetente ou foi conivente. Em qualquer caso, já se devia ter demitido ou
ter sido demitido. Mas a verdade é que o Instituto de Seguros de Portugal
parece estar perdido em combate. O presidente José Almaça não tem nada para
dizer? Não tem nada para fazer?
Já agora, António Souto, que o
BdP suspendeu da administração do BES é membro do conselho de administração da
Tranquilidade. Vai continuar neste cargo? E Rui Silveira, igualmente afastado
da administração do BES, é do conselho fiscal da Tranquilidade. Também se vai
manter na seguradora?
Por tudo isto se vê o polvo em que se tornou o GES, tendo no seu
centro o BES. Nem todos têm as mesmas responsabilidades. Mas há vários dos seus
dirigentes que já deviam estar detidos e sem direito a caução pelos danos que
estão a causar a muitos dos que neles País confiaram e ao próprio País.
Então, a pergunta é:
- Porque é que não estão todos presos?
E a resposta, óbvia, só pode ser:
- Porque eles são, de facto, os donos disto tudo. Das leis, da
Justiça, dos governos, do parlamento. E, por consequência, de todos nós.
Não ouviram, na passada terça-feira, na Assembleia da República, a
propósito da destruição da PT devido ao caso BES – e às opções dos seus gurus –
Pedro Passos Coelho dizer que não é nada com ele? Mesmo que o país perca
milhões com isso, nacionalizar está fora de questão? Só se podem nacionalizar
os prejuízos, não é verdade?!
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Quando os "keynesianos" estão tão próximos de nós,
a situação é mesmo de ruptura!
Já vi este filme, há umas 4 décadas...