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Edição Nº2170 - 2-7-2015
Governo grego apela à rejeição
do diktat dos credores
do diktat dos credores
Contra ingerência e chantagem
O parlamento grego aprovou, na madrugada de dia
28, a realização de um referendo no próximo domingo, para que o povo se
pronuncie sobre as propostas dos credores.
A proposta de consulta foi anunciada já perto da
meia-noite de sábado, 27, numa alocução televisiva de Alexei
Tsipras.
O chefe do governo grego afirmou que «ao fim de cinco
meses de negociações, os nossos parceiros europeus apresentaram-nos um
ultimato», que previa medidas de desregulação laboral, cortes nas pensões e nos
salários dos funcionários públicos e aumento do IVA sobre os produtos
alimentares.
«O objectivo de alguns dos nossos parceiros não era
senão a humilhação de todo o povo grego», referiu o primeiro-ministro grego,
considerando que perante tais propostas de «austeridade crua» e «autocrática» o
povo deve «responder com democracia, compostura e
determinação».
Tsipras mostrou-se seguro de que a votação de domingo
«honrará a história do nosso país e enviará uma mensagem de dignidade ao mundo
inteiro».
Aos gregos será colocada a seguinte pergunta: «Deverá
ser aceite o projeto de acordo que foi apresentado pela Comissão Europeia, o
Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional no Eurogrupo de
25.06.2015 e que consiste em duas partes, que constituem a sua proposta
unificada? O primeiro documento intitula-se “Reformas para a Conclusão do
Presente Programa e Mais Além” e o segundo “Análise Preliminar à
Sustentabilidade da Dívida”.»
A realização do referendo foi aprovada por 170 votos a
favor (Syriza, Gregos Independentes e Aurora Dourada) e 120 contra (Nova
Democracia, Pasok, Potami e Partido Comunista da Grécia).
No debate parlamentar, o Partido Comunista da Grécia
apresentou uma contraproposta de referendo. Na sua formulação, o povo deveria
pronunciar-se tanto sobre as propostas dos credores como sobre as propostas de
compromisso do governo grego, e ainda sobre a desvinculação da União Europeia e
a revogação do memorando.
No contexto actual, o Partido Comunista da Grécia apela
ao povo para que utilize o referendo colocando nas urnas a sua proposta,
conduzindo ao voto nulo.
Exploração e empobrecimento
A situação dos trabalhadores e do povo grego agravou-se
extraordinariamente.
Segundo declarou o ministro das Finanças, Ianis
Varoufakis, na reunião do eurogrupo, de dia 18, (de acordo com a intervenção
disponibilizada pelo próprio no seu blog pessoal), «do lado dos impostos, as
posições estão realmente próximas, especialmente para 2015. Para 2016, o fosso
restante representa 0,5 por cento do PIB».
Varoufakis lembrou que nos últimos anos a Grécia
aplicou mais medidas de austeridade do que qualquer outro país em tempo de
paz:
«O défice fiscal, estrutural ou ciclicamente ajustado
do sector público passou a superavit à custa de um ajustamento de 20 por cento
que bateu recordes mundiais; os salários caíram 37 por cento; as pensões foram
reduzidas até 48 por cento; o número de funcionários públicos diminuiu em 30 por
cento; o consumo caiu 33 por cento; até o crónico défice corrente do país caiu
16 por cento.»
Ao mesmo tempo, indicou ainda o ministro grego, «o PIB
agregado real caiu 27 por cento, enquanto o PIB nominal continuou a cair
trimestre sim, trimestre não, ao longo de 18 trimestres sem parar até hoje; o
desemprego disparou para os 27 por cento; o trabalho não declarado atingiu os 34
por cento; a dívida pública ultrapassa os 180 por cento do
PIB.
Desde que iniciou as negociações com a Comissão
Europeia, o BCE e o FMI, o novo governo grego fez cedências consecutivas para se
aproximar das exigências dos credores.
Mas nada disto foi suficiente. Para as grandes
potências da UE e o FMI, só a capitulação incondicional servia. A ruptura das
negociações tornou-se inevitável.»
1 comentário:
Boa informação, clara e verdadeira!
Obrigada
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