Começo a ficar "agarrado". Eu, que deixei o "cafézinho da manhã" há quase 40 anox (consequência da contra-revolução e a tensão a 18/24...), começo a não passar sem um "expresso curto" para iniciar o dia. Por inconsciente (?) justo reconhecimento a "convites" à leitura como a desta "oferta" do jornalista Valdemar Cruz, de que deixo duas "amostras" e a sugestão de leitura completa:
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7 de Agosto de 2015
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O Homem Invísivel
ou as sombras da Europa |
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São 6h47 minutos. Começo a
tirar-lhe o Expresso Curto. A esta hora, algures no Mediterrâneo, nas
fronteiras da Líbia, do Iraque, do Paquistão, há gente em fuga. Homens e
mulheres desesperados. Fogem de uma não vida. Procuram uma vida. Recordemos
uma canção. "Clandestino", de Manu Chao. Fala da vida
deixada entre Ceuta e Gibraltar e de vidas proibidas. Talvez seja
uma boa oportunidade de dar dimensão ética à condição humana. E perceber
como, afinal, nenhum homem é clandestino. Nenhum homem é ilegal. Sobretudo
quando esse homem representa a figura do outro. O outro sobre quem todas as
violências são admissíveis. O outro para quem olhamos sem ver. O outro
transformado em inexistência. O outro feito inimigo, apenas por ser outro.
(...)
Às vezes os
jornalistas não conseguem continuar a olhar para o lado. E voltam. E voltamos a ter notícias sobre os
naufrágios no Mediterrâneo. Regressaram às primeiras páginas nos últimos
dias. A esta hora, lá vão eles e elas em frágeis embarcações carregadas
de refugiados. De alguns ouviremos falar. De outros nunca saberemos.
Nem dos seus vivos. Nem dos seus mortos. Estamos perante uma das maiores crises de refugiados das últimas décadas.
Falam-nos agora dos refugiados em Calais, das mortes no túnel da Mancha. E não
sabemos nada da morte. E não sabemos nada dos desaparecidos em
silêncio. Sem testemunhas. E não queremos saber porque vêm. São
empurrados aos milhões pelos conflitos na Síria, no Iraque, na Ucrânia, no Afeganistão , onde a morte pode estar também
nas infinitas minas pessoais.
(...)
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E é preciso, é urgente irmos mais longe.
Não no espaço, não no tempo.
Ou não só no tempo e não só no espaço.
Ir mais longe. Dentro de nós.
De nós que somos o outro.
À procura das causas.
Esquecidas. Ou escondidas.
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