terça-feira, agosto 11, 2015

Revendo matéria dada nestes últimos 20 anos - 2

Parece que tudo anda em órbita à volta do euro. Mas o euro não é mais que uma ferramenta, ou instrumento criado (juntamente com a instituição Banco Central Europeu) como resultado e ao serviço de uma estratégia.
Não, não foi um erro. Quanto muito teria sido um erro técnico para servir uma estratégia política errada (numa valoração em critérios sociais ou humanos). Assim a modos de uma demonstração da fórmula escolar menos por menos dá mais.
A arrumar papeis - ciclópica tarefa de inevitável periodicidade - encontrei o guião da participação num debate partidário sobre o sistema bancário, para trabalhadores da banca. Em 1995, no dia 13 de Maio. Como uma aparição para condizer com o lugar e a data em que vivo e "arrumo" papeis...
Foi a minha contribuição introdutória para o debate, "consequências e efeitoa para o sistema (bancário) da integração europeia na perspectiva dos 
- trabalhadores
- clientes
- economia nacional"
aproveitando a circunstância de então estar no Parlamento Europeu e na tarefa de pertencer a sub-comissão monetária, verdadeiro estaleiro para a construção da moeda única, da passagem à 3ª fase da União Económica e Monetária, seguindo Maastrich.
O guião tinha 5 recheadas páginas com 50 tópicos, de que respigo alguns, com a amarga satisfação de ter cumprido a missão. Não a de ter razão, mas a de ter interpretado bem a "leitura" histórica a fazer do episódio em que participava. A informar, a prever, a alertar, a prevenir, a mobilizar, a procurar que fossemos mais a mais e melhor resistir ao que se apresentava como fatalidade. Fatalidade que, antes de ser, já o era. E se continua a procurar a apresentar como sendo uma fatalidade. E que o é... mas não no sentido de inevitabilidade!
«(...) 8. A tão decantada globalização corresponde, na nossa terminologia, à extensão do capitalismo a todo o espaço planetário, adequando as formas de exploração e de sobre-exploração a condições locais concretas, interligando-as numa estratégia mundializada por via da transnacionalização.
9. Como é evidente - ou deveria sê-lo - a "sociedade de informação" e as respectivas "autoestradas" são o resultado de conquistas técnicas da Humanidade postas ao serviço do capital transnacional, acelerando as deslocalizações do capital financeiro transnacional.
10. O aproveitamento destas novas tecnologias faz-se no quadro de uma decretada livre circulação de capitais, decorrente do mercado único - de 1992 e UEM -, tornada libertina por se pretender à margem de qualquer regulamentação e potenciando o ritmo de implantação e extensão dos "factos" crédito e desprezo dos objectivos sociais empresariais.
11. O neo (ou ultra)-liberalismo, a globalização e a monetarização da economia fizeram com que, "naturalmente", ao serviço do que sempre esteve, a integração económica europeia tornasse prioritária a construção da União Económica e Monetária, a passagem à sua 3ª fase, que representará a adopção da moeda única e do Banco Central Europeu.
(...)
16. O que quer dizer que, com pretexto - se assim é permitido considerar - de se atingirem metas à partida consideradas inatingíveis por muitos dos Estados-membros, impôs-se, a todos os Estados-membros, uma política que mais financeirizou as economias, que mais as monetarizou, que mais degradou as situações sociais, que mais cavou as diferenças económicas e sociais que tinham entre si, o contrário do objectivo da coesão económica e social também nos tratados mas muito maltratado ou ignorado.
17. De certa forma, acelerou-se, e de maneira que ultrapassa os limites de velocidade que a realidade poderia aceitar, a evolução dos factos que, entre outros, referi como característicos do capitalismo contemporâneo, e que teriam a ver com o crédito e a especulação. 
18. Neste enquadramento muito rápido, umas palavras/sentenças sobre os chamados produtos derivados, sobre o calendário para introdução do ecu como meio de pagamento legal e seus desenvolvimentos, e sobre o primeiro relatório do Instituto Monetário Europeu.
(...)
21. Esse documento de trabalho faz uma pedagógica retrospectiva sobre esses "produtos" enquanto herança de ancestrais operações de expectativas, antecipações, crédito, especulação, opções de compra e opções de venda, de certo modo comentando criticamente o que se chama "campanha de tranquilização (e não de manipulação, nem pensar nisso!) de vários auto-proclamados amigos das finanças".
22. Não me vou alongar muito, até porque deixo cópia do documento para consulta e estudo, mas refiro que segundo o autor (de um relatório do PE sobre o documento do IME), o deputado Katiforis, "qualquer um se pode tornar especulador, e mesmo com sucesso. É esta a beleza do ofício. Conta Aristóteles que o filósofo Tales de Mileto comprou uma opção sobre prensas de lagar de azeite porque adivinhou pelas estrelas que a próxima colheita de azeitonas ia ser excelente..."


continua (o resumo!)...

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