"Matéria" não falta, diria até que a há em excesso. E tanta que, por mais que se procure reflectir sobre o que está a passar-se (ligando ao que já foi e com a consciência da responsabilidade de influenciar - micrometricamente que seja - o que irá ser), instala-se o sentimento quase angustiante de que muita "matéria" fica para trás, ausente das reflexões.
Pois deixe-se o petróleo, a descida do seu preço e ao que possa estar a servir, não se abunde no sentir geral (com suas variantes) de indignação e impotência perante a tragédia dos fugitivos de situações desumanas que têm causas que parecem querer ignorar-se, não se diga mais (e aprofundadamente) sobre a China e as bolsas e o que se pode esperar, não se aproveite a verdadeiramente caricata questiúncula dos debates partidos-coligacões da campanha das legislativas, não nos detenhamos na acelerada e vergonhosa privatização do que ainda possa estar ao serviço público, não se entre nas ridículas especulações sobre sondagens mostrando que estas são o gato visível do rabo escondido, e por aí fora. E faço-o só por agora, e justificando-o, uma vez tudo isso (e muito mais, claro) está no interior de todas as reflexões, influenciando as que se exprimem, ou que se trazem a lume. Que arde sem se ver...
Apenas quero, agora e depois de um dia em que, materialmente e aqui, não me foi possível comentar, deixar um aponta-mente sobre a 5ª feira à noite, sobre a noite noticiária da TVI dedicada a Jerónimo de Sousa (sem a pretensão de ir muito além da minha mente enquanto registo pessoal a guardar).
Já tarde na noite, regressado de uma reunião concelhia, com a "maravilha" dos meios técnicos com que não sonhávamos sequer há escassos anos recuperei a emissão do programa do canal 4 "tenho uma pergunta para si" em que cabia ao Jerónimo responder às perguntas de uma mancheia de jovens (com a Judite de Sousa) no estúdio e, depois, a dialogar com comentadores no canal 24 horas da mesma TVI.
Foi uma noitada. Que valeu a pena! A TVI terá cumprido o seu papel e "despachado" esta sua missão... pluralista. Também não vou deter-me na dificuldade enorme (para que terei quota-parte de culpa... por alguma azelhice) em encontrar retrospectiva nas páginas internéticas da própria estação, a confirmar a sensação de... está feito, está feito... e fica o número de 600 euros para salário mínimo como "a proposta do PCP"!
PCP quer salário mínimo de 600 euros em
janeiro de 2016
27 de Agosto às
22:13
É que a "noite Jerónimo de Sousa" foi muito mais que isso. Para este tele-espectador atento e preocupado foi um manancial de reflexões que aqui não podem caber. A admiração pelo "político" (e pelo homem) teve bastos motivos para se reforçar, as certezas e dúvidas tiveram forte alimento para se firmarem e para melhor se equacionarem. Tanto quanto o tempo, o programa, as perguntas, o permitiram.
Em entrevista à TVI, Jerónimo de Sousa
disse que mais importante que um valor fixo, é a urgência de aumentar o valor
atual do salário mínimo nacional
A indigência e a insistência em algumas questões confrangem e preocupam, e Jerónimo de Sousa teve, com grande paciência (virtude revolucionária, não é, Jerónimo?), uma, duas, três vezes de dar as mesmas claras e coerentes respostas a repetidas perguntas em vários tons de preconceito e/ou circuito fechado ou colete de forças.
Ficou clara, para mim (e espero que para mais uns tantos), a urgência de soluções imediatas alternativas - patrióticas e de esquerda -, confirmei a preocupação sobre a resposta a dar, com igual urgência, ao esclarecimento da alternativa a outros prazos, à informação e pedagogia indispensáveis para o indispensável apoio popular para que a alternativa tenha prazo para além do curto, do imediato. Para o socialismo.
E, claro, não é com esta comunicação social e seus comentadores que se pode contar para essa vital necessidade. Quantas vezes tendo de ser contra ela, contra esta comunicação social.
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