Aqui, intentava-se dar informação objectiva sobre as eleições em Espanha. Encontrámo-la no Expresso curto (por vezes acontece...) e reproduzimo-la (os comentários e as reflexões guardamo-las para nós (e, talvez, mais tarde) e para os eventuais passantes:
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Por
Valdemar Cruz
Jornalista
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27 de Junho de 2016
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Y ahora qué haces, hermano?
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1.
O Partido
Popular venceu as eleições legislativas em Espanha. Dos quatro grandes
partidos ou coligações concorrentes, foi
o único a conquistar mais votos (600 mil num total de 7,9 milhões) e mais
deputados (de 123 para 137). Sobe em percentagem, em
relação a dezembro, de 28,7% para 33,03%. Inclusive vence na Andaluzia, um
feudo do PSOE, mas não consegue o grande objetivo de conquistar a maioria
absoluta. O PSOE festeja a circunstância de ter conseguido manter-se
como segunda força mais votada, não obstante ter obtido o pior resultado alguma vez
conquistado pelo partido desde 1978 (5,4 milhões de votos e
85 deputados, menos cinco que em dezembro). A coligação Unidos Podemos
comprova que nem sempre
a soma das partes dá um todo mais sólido. O conjunto dos
votos (5,04 milhões) de Podemos e Izquierda Unida dá o mesmo número de
deputados (71), mas representa
uma perda de 1,2 milhões de votos se comparado com as candidaturas em
separado dos dois partidos. O Ciudadanos, se foi em
dezembro um dos grandes responsáveis pela descida do PP, com perda da
maioria absoluta, contribuiu agora para a sua recuperação. O partido de Albert Rivera perde mais
de 400 mil votos e oito deputados. Para lá da análise fria
dos números, o problema está agora no modo como conseguirão estes partidos
encontrar ou não soluções de governo nos próximos 23 dias. O problema é o
dia seguinte e ninguém sabe o que pode acontecer. Comprova-se a falência do sistema
bipartidário, traduzido numa alternância de décadas entre PP e PSOE.
Qualquer dos partidos terá de procurar aliados ou alianças, sólidas ou
conjunturais, para poder formar governo. Será complexo. Nem tem a ver com o
argumento fácil sobre o que seria o especial caráter dos espanhóis. A questão é mesmo política.
Os próximos dias serão de intensas negociações. Rajoy, ao proclamar-se
vencedor, reclamou o direito a formar governo. Só o conseguirá se ocorrerem
grandes mudanças de posições, em particular no Ciudadanos, mas também no
PSOE. Ao longo da campanha eleitoral, nenhuma das principais forças concorrentes recuou um
milímetro nas linhas vermelhas previamente estabelecidas para a existência
de um acordo de Governo. O calendário começa a ficar cada
vez mais apertado, até porque devia ser aprovado até final de setembro o
Orçamento para 2017 e a direita tem muito poucas pontes para conseguir
alargar a sua base de apoio. A incógnita é o Ciudadanos, cujo líder
insistiu até á exaustão durante a campanha a impossibilidade de viabilizar
um governo dirigido por Rajoy. Aceitará
o PP abdicar do homem que o conduziu em consecutivas vitórias eleitorais e
que levou ao extremo a personificação da campanha? E o
PSOE? Estará disponível para contrariar tudo quanto disse Pedro Sánchez e
viabilizar, nem que seja pela abstenção, um governo do PP? Que custos
políticos teria uma decisão dessas? E como poderá proclamar-se partido hegemónico da esquerda
e ao mesmo tempo viabilizar a governação de direita? Face
aos resultados, a coligação natural seria a do PP com Ciudadanos (169
deputados), insuficiente, contudo, para alcançar os 176 deputados com que
se faz uma maioria absoluta. Há muitas equações em jogo neste momento. É
preciso contar com os partidos regionais, com as movimentações das
múltiplas peças de um xadrez complexo, num país onde as posições se extremaram de tal ordem que
ficou pouco espaço para a cedência e o diálogo. Nuestros
hermanos estão num labirinto e ontem o El Mundo colocava mesmo à votação
dos eleitores quatro hipóteses de formação de governo:
PP+C’s(Ciudadanos); PP+PSOE; PP+PSOE+C’s; ou PSOE+Unidos Podemos+C’s. Se a
política é a arte do possível, veremos se se esgotam nestes cenários as
possibilidades, ou outras hipóteses surgem, como um governo dirigido por um
independente passível de ser aceite pelos principais partidos. É a solução
tecnocrática já ensaiada em Itália com Mario Monti, mas sem grandes
resultados. Por fim, as sondagens corporizam uma das grandes derrotas da
noite eleitoral. Falharam em toda a linha. Não aconteceu
quase nada do que previram: o PP teve uma vitória bem mais folgada, o PSOE
manteve o segundo lugar, Unidos Podemos não ultrapassou o PSOE e o
Ciudadanos também esteve longe de manter os votos previstos.
(...)
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