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Nesta actualização de
leituras-informação, fui interrompido pela uma visita inesperada e foram
para aí 2 horas…
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Na pior altura (apesar de ter sido acolhida com muita amizade)… e, por isso, vou
tentar terminar, neste fim de tarde, com mais um registo que não quero perder
(e que tinha projectado “postar”.
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Este seria ainda mais recuado, do avante! de há quase uma semana, e do
Jorge Cadima.
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Com o excelente título de Provocadores NATOs, e com um texto que fica bem (diria mesmo indispensável) em
qualquer registo de alguém que se queira bem informado:
Provocadores
NATOs
Têm estado a decorrer as
maiores manobras militares da NATO na Europa Oriental, envolvendo 31 mil
soldados de 24 países. Basta olhar para o mapa para perceber a natureza
provocatória das manobras Anaconda: envolvem uma operação em tenaz, cercando o
enclave russo de Kaliningrado (nas costas do Mar Báltico). O território russo
fica assim dividido por interpostas tropas dos EUA/NATO. Para atiçar ainda mais
a provocação, «blindados alemães irão atravessar [a Polónia] de Oeste para
Leste, pela primeira vez» desde a invasão nazi da URSS (22 de Junho de
1941), nas vésperas do seu 75.º aniversário (Guardian, 6.6.16). Na
NATO dá-se importância às efemérides.
A provocação da NATO
antecede a sua cimeira de 8 e 9 de Julho, em Varsóvia. Os 50 anos desta
organização, de que Salazar foi co-fundador em 4 de Abril de 1949, foram
assinalados, em simultâneo, pela cimeira onde se alargaram a missão e as
fileiras da NATO (com a incorporação de países ex-socialistas: Polónia,
República Checa e Hungria); e pelo desencadear da guerra contra a Jugoslávia –
que se recusara a aderir à NATO. Pela primeira vez após o fim da II Guerra
Mundial, assistiu-se a uma guerra de agressão aberta em território europeu. Era
então presidente dos EUA Clinton – o marido. Durante essa guerra, os EUA
bombardearam a embaixada da China em Belgrado. Estavam a ser ditadas as novas
regras da política internacional: quem não se submete à superpotência
imperialista, irá pagá-las. De então para cá, o número de países membros da
NATO duplicou. As alegadas razões para a criação da NATO há muito que deixaram
de existir. Mas a NATO nunca foi aquilo que alegou. Longe de ser uma
organização defensiva, foi sempre um instrumento de dominação imperialista que,
nas próprias palavras do seu primeiro secretário-geral, o inglês Lorde Ismay,
visava «manter os russos fora, os americanos dentro, e os alemães em baixo»
(New York Times, 16.9.13). Mais do que isso, foi um instrumento de
dominação sobre países (como França, Itália, Grécia) onde poderosos movimentos
de resistência anti-fascista haviam transformado os partidos comunistas em
grandes forças políticas. Um instrumento de dominação que recorreu ao
terrorismo. As investigações de juízes italianos como Felice Casson e Guido
Salvini provaram as íntimas ligações entre redes bombistas fascistas, serviços
secretos e NATO. Uma comissão parlamentar de inquérito italiana concluiu que «a
bomba que matou 85 pessoas na estação ferroviária de Bolonha, em 1980, era
proveniente dum arsenal usado pela Gladio, o ramo italiano da rede NATO de
resistência ao comunismo» (Guardian, 16.1.91). E segundo o juíz
Salvini, «foi a América, a NATO, que inspirou o massacre de Piazza Fontana»,
a bomba num banco de Milão que em 1969 iniciou a “estratégia da tensão” que
ensanguentou a Itália durante 15 anos (Liberazione, 15.2.00).
Com o desaparecimento da
União Soviética a NATO pôde finalmente assumir-se abertamente como organização
bélica. E a NATO é hoje um instrumento maior do «partido da guerra» no seio das
classes dirigentes deste capitalismo em profunda crise sistémica. Mal avisado
anda quem subestimar esta realidade. Segundo o jornal inglês Guardian (6.6.16)
«As manobras [Anaconda] decorrem num momento sensível para os militares
polacos, após a demissão ou reforma compulsiva dum quarto dos generais do país.
[…] Os soldados profissionais estão particularmente preocupados com a […]
criação e o papel dum exército territorial de 17 brigadas, a ser parcialmente
recrutado de entre os 35 000 membros dos clubes de armas e grupos paramilitares
polacos, alguns dos quais se receia estarem ligados aos hooligans racistas do
futebol naquele país. Duas destas brigadas de voluntários irão assistir o
exército profissional polaco durante os exercícios Anaconda». Estão a ser
criados novos instrumentos de subversão ao serviço do imperialismo.
É tempo de dizer basta a
esta máquina de guerra, agressão e provocação.
Jorge Cadima
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