25.02.2014
Uma notícia apanha-me no “Curral”, a jantar à pressa para ir para o
ensaio da peça de Avelino Cunhal, dada pelo Nobre Correia, que não vejo e com quem não falo há décadas.
Morreu Jacques Nagels!
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Todas as mortes nos levam um pedaço da nossa vida.
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Mesmo que o não saibamos, ou o queiramos esquecer.
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Com a morte de Nagels, do Jacky, é uma referência que deixa de ter
suporte físico fora de mim, é um pedaço decisivo da minha vida que se apaga e reaviva.
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Ganhando, por isso, outra e ainda maior importância.
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O camarada belga, conhecido no princípio dos anos 70, há mais de 40
anos, deputado no parlamento belga – de que foi o último comunista –, professor
muito prestigiado na Universidade Livre de Bruxelas… apesar de marxista.
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Que aceitou acompanhar e orientar os meus trabalhos, no âmbito de
uma bolsa de estudo da Fundação Gulbenkian para um doutoramento sobre economia
internacional (ou a internacionalizar-se).
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Depois, bem… depois foi o 25 de Abril, a mudança no País e nas
nossas vidas, a recuperação da Pátria de que nunca abdicáramos por ser a nossa.
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Adeus ao projecto Gulbenkian, adeus a tanta coisa, mas tanta outra
nova, e vida e futuro.
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Mas sempre em contacto, sempre lendo (estudando), publicando Jacques Nagels.
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Até que, numa outra curva, o desafio de um doutoramento, o retomar
o antigo projecto num outro formato, o processo de doutoramento no ISE e a
re-escolha de Nagels como orientador.
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E a aceitação estimulante.
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Processo complicado, esolhoso, mas levado até ao fim
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Com um grande reconhecimento pelo apoio sem reservas, pelo incentivo
e pelas ajudas do Jacques Nagels.
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Como se nada fossem, quando tanto – e decisivas – eram.
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Depois, as vidas afastando-nos, ele na na sua vida na ULB, nos seus
projectos (por exemplo, Groupe d’Economie Marxiste-GEM, Laissez
faire, laissez troquer) casando a teoria, a carreira académica e a prática,
com um período de papel activo nas relações comerciais com os países europeus socialistas e
os países em vias de desenvolvimento (sendo a Bélgica “um país em vias de subdesenvolvimento”,
como ele escrevia), eu nas minhas tarefas.
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Como eu sinto, hoje, o termos deixado de contactar, desde os aos 90!
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Naturalmente, como se não tivesse importância… logo nos veremos.
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E soube, hoje, da sua morte.
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Que torna esse afastamento, natural mas incompreensível, porque nada o explica senão
o modo como as vidas se vão vivendo, com ou sem intercepções, cruzamentos.
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Morreu o Jacky.
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Como hoje me dói o que esta notícia me traz de irremediável!
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Continuará vivo no muito que deixou, estudado, reflectido, publicado,
sementes nos seus alunos, entre os quais me conto, no tanto que com ele aprendi.
6 comentários:
Um abraço triste para ti. E lá nos vão deixando os nossos amigos sem ver o fruto da sua luta. Mas o dia chegará. TEM QUE CHEGAR!!!!!!!
Mais um abraço.
Texto sentido e magoado (pena as gralhas, que cortam o fio da leitura atenta...), que me levam a recordar com simpatia o pouco contacto que tive com JN, e a receber com tristeza a notícia da sua morte. É verdade, todas as mortes de amigos nos levam um pedaço da nossa vida.
Abraço solidário.
mário
Um abraço!
Um beijo solidârio,camarada!
Um grande Bj solidário.
GR
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