quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Dias de agora - morreu Jacques Nagels

25.02.2014

Uma notícia apanha-me no “Curral”, a jantar à pressa para ir para o ensaio da peça de Avelino Cunhal, dada pelo Nobre Correia, que não vejo e com quem não falo há décadas.

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Morreu Jacques Nagels!

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Todas as mortes nos levam um pedaço da nossa vida.

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Mesmo que o não saibamos, ou o queiramos esquecer.

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Com a morte de Nagels, do Jacky, é uma referência que deixa de ter suporte físico fora de mim, é um pedaço decisivo da minha vida que se apaga e reaviva.

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Ganhando, por isso, outra e ainda maior importância.

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O camarada belga, conhecido no princípio dos anos 70, há mais de 40 anos, deputado no parlamento belga – de que foi o último comunista –, professor muito prestigiado na Universidade Livre de Bruxelas… apesar de marxista.

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Que aceitou acompanhar e orientar os meus trabalhos, no âmbito de uma bolsa de estudo da Fundação Gulbenkian para um doutoramento sobre economia internacional (ou a internacionalizar-se).

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Depois, bem… depois foi o 25 de Abril, a mudança no País e nas nossas vidas, a recuperação da Pátria de que nunca abdicáramos por ser a nossa.

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Adeus ao projecto Gulbenkian, adeus a tanta coisa, mas tanta outra nova, e vida e futuro.

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Mas sempre em contacto, sempre lendo (estudando),  publicando Jacques Nagels.
 


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Até que, numa outra curva, o desafio de um doutoramento, o retomar o antigo projecto num outro formato, o processo de doutoramento no ISE e a re-escolha de Nagels como orientador.

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E a aceitação estimulante.

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Processo complicado, esolhoso, mas levado até ao fim

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Com um grande reconhecimento pelo apoio sem reservas, pelo incentivo e pelas ajudas do Jacques Nagels.

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Como se nada fossem, quando tanto – e  decisivas – eram.

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Depois, as vidas afastando-nos, ele na na sua vida na ULB, nos seus projectos (por exemplo, Groupe d’Economie Marxiste-GEM, Laissez faire, laissez troquer) casando a teoria, a carreira académica e a prática, com um período de papel activo nas relações comerciais com os países europeus socialistas e os países em vias de desenvolvimento (sendo a Bélgica “um país em vias de subdesenvolvimento”, como ele escrevia), eu nas minhas tarefas.

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Como eu sinto, hoje, o termos deixado de contactar, desde os aos 90!

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Naturalmente, como se não tivesse importância… logo nos veremos.

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E soube, hoje, da sua morte.

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Que torna esse afastamento, natural mas incompreensível, porque nada o explica senão o modo como as vidas se vão vivendo, com ou sem intercepções, cruzamentos.

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Morreu o Jacky.

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Como hoje me dói o que esta notícia me traz de irremediável!

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Continuará vivo no muito que deixou, estudado, reflectido, publicado, sementes nos seus alunos, entre os quais me conto, no tanto que com ele  aprendi.

6 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Um abraço triste para ti. E lá nos vão deixando os nossos amigos sem ver o fruto da sua luta. Mas o dia chegará. TEM QUE CHEGAR!!!!!!!

Mais um abraço.

Justine disse...

Texto sentido e magoado (pena as gralhas, que cortam o fio da leitura atenta...), que me levam a recordar com simpatia o pouco contacto que tive com JN, e a receber com tristeza a notícia da sua morte. É verdade, todas as mortes de amigos nos levam um pedaço da nossa vida.

trepadeira disse...

Abraço solidário.

mário

samuel disse...

Um abraço!

Olinda disse...

Um beijo solidârio,camarada!

GR disse...

Um grande Bj solidário.

GR