De vez em quando, há que vencer pudores e lembrar (a Todo o Mundo e (a) Ninguém, diria o sr. Gil Vicente):
1997
1998
Extractos dos
arquivos da página do Parlamento Europeu
na Internet:
“SESSÃO DE
SÁBADO, 2 DE MAIO DE 1998
4. Moeda
única
Declarações de voto
Ribeiro (GUE/NGL). –
Senhora Presidente, os deputados do Partido Comunista Português, com a
solenidade que a ocasião exigiria, mas que a euforia para impressionar a
opinião pública não permite, declaram que:
- o seu voto é a expressão coerente de uma posição contra
este projecto, o modo como foi conduzido e os interesses que serve. Não é um
voto contra a estabilidade de preços, o equilíbrio orçamental, ou o controlo de
dívidas, mecanismos e instrumentos. É, sim, um voto contra a sua utilização
para impor estratégias que concentram riqueza, agravam desemprego, agudizam
assimetrias e desigualdades, criam maior e nova pobreza e exclusão social,
diminuem a soberania nacional e aumentam défices democráticos;
- é também um voto contra a
formação do núcleo duro para a Comissão Executiva do BCE, privilegiando zonas
geográfico-monetárias e partilhando influência entre grandes famílias
partidárias, numa evidente polarização do poder na instituição que condicionará
todas as políticas dos Estados-Membros;
- após este passo, continuarão a
combater os já reais e os previsíveis malefícios do projecto que integram os
mecanismos e instrumentos criados. Procurarão, do mesmo modo, contribuir para
que sejam potenciadas as suas virtualidades;
-lamentam, por último, que o
Parlamento tenha perdido a oportunidade para se credibilizar como instituição
democrática, por ter cedido à pompa e circunstância de um ritual de homologação
ou de confirmação do que lhe foi apresentado.”
Marinho, Torres Couto, Apolinário, Barros Moura, Campos, Candal, Correia,
Torres Marques, Lage, Moniz (PSE), por escrito. – O euro entrará em
vigor em 1 de Janeiro de 1999. É uma certeza que desmente categoricamente os
vaticínios negativos que muitos faziam.
Portugal, contrariamente às previsões daqueles que não apostavam um cêntimo
nas suas possibilidades, venceu, brilhantemente, todos os exames e está na
primeira fila dos países fundadores, participando com orgulho neste momento,
verdadeiramente crucial da história da Europa, que assim dá sinais de não
querer envelhecer e declinar. Ao contrário também daqueles que arrogantemente
garantiam a pés juntos que para atingir o euro seria necessário sacrificar os
interesses imediatos dos cidadãos e, ao mesmo tempo, previam uma crise da
produção nacional. Portugal desmentiu, nesta recta final do euro, todas as
teorias académicas e ideias adquiridas: o crescimento económico do país
acelerou, o nível de vida dos portugueses melhorou e a capacidade de exportar
aumentou.
Tudo isto foi conseguido porque a grande maioria dos portugueses se sentem
identificados com este grande projecto, porque trabalhadores e empresários
souberam aproveitar a conjuntura favorável e porque, é justo dizê-lo, o Governo
socialista soube combinar habilmente a expansão da procura interna com o
investimento público e apostou na iniciativa privada, dinamizada pela baixa da
taxa de juro. Tudo isto realizado num clima de tranquilidade social e de
solidariedade de que a introdução do rendimento mínimo garantido foi o símbolo
maior.
Não se pode dizer que não haverá problemas ou dificuldades. Todavia, tal
como o país mostrou ser capaz de realizar as «performances» inesperadas que
realizou, também será capaz de, com o mesmo espírito e dinamismo, aproveitar as
oportunidades que tem à sua frente e aproximar-se mais depressa dos níveis
médios de riqueza e das exigências de competitividade dos nossos parceiros do
euro, com os quais encetamos esta caminhada inédita na história contemporânea.
Caminho esse que não dispensa, antes exige, uma intensificação da dimensão
política e social da integração europeia. A Europa política tem agora a
palavra, o funcionamento democrático da União Europeia e o envolvimento dos
cidadãos têm a prioridade.
Nós, que desde sempre nos batemos e sonhámos com este momento, temendo
quantas vezes em silêncio que não nos pertencesse a alegria da chegada, sabemos
reconhecer quem nos indicou o caminho e quem o tornou possível. Vivemos um
acontecimento singular da história da Europa, um princípio e não um fim, e
estamos conscientes que nesta nova etapa do projecto europeu, esta instituição,
será chamada a uma maior intervenção nos destinos da Europa.
5 comentários:
Haja alguém, e somos muitos, com lucidez no meio disto tudo. Abraço
Dar palpites depois do jogo é fácil e por vezes ridículo.Éé nossa obrigação e honestidade reconhecer os conhecimentos e capacidade intelectual dos que nos advertiram da catástrofe.
Faço um 'like' ou 'gosto' no teu post (ou posta, postagem - palavra de que não gosto) e outro like no comentário do Cid.
Abraço.
Infelizmente haverá sempre uns patetas que dirão que foi «coincidência»... «acertaram por acaso»... «se não fosse a "crise" dos subprimes...» e outras palermices do género. Entretanto eu ingénuo me confesso. Na altura imaginei que a moeda única iria talvez funcionar como um aguilhão no flanco da nossa burguesia empresarial e assim obrigá-los a investir a sério no «capital variável»...
Pois é, amigo! Há que insistir nas formas do capital(relação social) e valorizar SEMPRE o capital variável... Há que encontrar as vias e as maneiras de divulgar essas conquistas nossas/de todos!
Forte abraço
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