DECLARAÇÃO POLÍTICA
(saudações protocolares)
Esta Assembleia Municipal realiza-se numa semana particularmente
(e “gregamente”) agitada, na expectativa do referendo do próximo domingo.
A excitação é grande.
Por isso, sinto-me convocado para citações. Ao que não
resisto, encadeando algumas que me saltaram da cabeça para os dedos. Sem
consulta das fontes…
Miguel Torga disse que o universal é o local menos os muros e
terá sido Einstein (mas não garanto…) que aconselhou a que se visse o mundo com
um olho no microscópio e outro no telescópio; há já há 30 anos, como presidente
do Grupo dos não-alinhados, Fidel Castro definiu a interdependência das nações
como crescente e irreversível… mas assimétrica, isto é, umas nações mais
interdependentes que outras.
E seria inevitável que, de excitação em excitação, e
tratando-se de União Europeia e de moeda única, acabasse no presunçoso
pecadilho de me citar. Não a partir do processo que há 20 anos acompanhei por
dentro e me levou a escrever o Não à moeda única (de 1997), mas a
anos antes, quando a Comunidade ainda era de 6 Estados-membros e o dólar ainda
convertível.
Duas frases de umas reflexões sobre a moeda europeia,
de há 44 anos, nuns cadernos PE/EP – Política Económica/Economia Política (que
passavam pela Censura fascista…):
“Acontece, no entanto, que estas divergências verbais (…) no
seio da CEE e no mundo capitalista, não impediram os governos desses países, em
Fevereiro de 1971, de concordarem ser necessário o estabelecimento de uma moeda
única. Esta orientação, moderna na sua tendência, pragmática na sua concepção,
e muito limitada nos resultados actuais, merece, de qualquer modo, ser
considerada.
Estabelecendo-se uma estreita relação entre moeda e poder
político, a existência de uma moeda comum nos países capitalistas da Europa só
pode ter como objectivo o desenvolvimento da pressão dos grupos monopolistas na
economia e na força de trabalho dos respectivos países (…) A criação e o
funcionamento de uma moeda europeia conduziria a um nível superior a
contradição entre o capital e o trabalho (e, em primeiro lugar, o trabalho
assalariado).”
44 anos depois, e com a força da experiência acumulada, diria
o mesmo… embora de outra maneira. Mas a experiência histórica acumulada também
leva a acrescentar – por último… por estar no limite do tempo – que, com
avanços e recuos, com saltos enormes e quedas abruptas, nos séculos dos séculos
é sempre o povo que, sujeito a todas as manobras de desinformação, a todas as
manipulações e chantagens, acaba por decidir, por determinar o rumo da
História. Assim será a 5 de Julho na Grécia e lá para Setembro por aqui.
Mas tenho de acabar, de pôr de lado o telescópio (de médio/curto
alcance), e dedicar-me, convosco, ao nosso não menos útil e necessário
microscópio, voltado para o local em que vivemos, cidadãos do nosso tempo e
deste lugar, com exemplo e destaque para o caso da saúde, do que PS e PSD e CDS
fizeram (e estão a fazer, à maneira de lenta certidão de óbito) ao Serviço Nacional de
Saúde, dos hospitais do distrito, da situação no nosso concelho.
3 comentários:
Bem esgalhado!
Abraço.
É indispensável puxar as orelhas à memória de alguns, e informar os que por serem jovens, e por vezes desatentos, não conhecem a história, mesmo a recente.
A vida tem demonstrado que a posicao do PCP,(atravês de rigorosa anâlise dos seus economistas militantes)contra a moeda ûnica estava bastante certa!Bjo
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